ERA UMA VEZ UM NAMORO

1º dia: Querido Deus, hoje conheci um gatinho na balada. Ele é um fofo, lindo e gostoso, mas nem sonha que eu existo. A Jéssica jura que ele não tem namorada. Ah, Deus, por favor! Faz com que ele fique comigo! Juro que se a gente namorar, eu nunca mais vou bater no meu irmão.

2º dia: Querido Deus, descobri que o nome dele é Zeca. Quer dizer, isto deve ser um apelido, mas não faz mal. Eu estou apaixonada. O problema é que ele ainda não sabe que eu estou viva. Cruzei com o Zeca no supermercado, mas ele olhou só pra Jéssica e não pra mim. Que raiva! Deus, juro que se eu namorar o Zeca, nunca mais vou roubar dinheiro da carteira do meu pai.

3º dia: Deus querido, milagres acontecem! O Zeca olhou para mim! Foi quando eu tropecei na coleira do Bob e caí estatelada no chão. Tudo bem, ele não me ajudou a levantar, mas pelo menos se deu conta que eu existo. Deus, juro que se eu começar a namorar o Zeca, nunca mais uso o perfume francês escondido da minha mãe.

4º dia: Amado Deus, sim milagres existem e o paraíso é aqui! O Zeca falou comigo hoje! Usou o Bob como desculpa. Perguntou da raça do cachorro, pedigree, a idade e mais um monte de coisas. Mas na verdade, ele queria era saber sobre mim. A infeliz da Jéssica disse que ele estava mesmo era interessado no Bob, mas eu não acreditei. Deus, juro que se eu namorar o Zeca, nunca mais falo mal da Jéssica por aí.

5° dia: Deus! Deus! Deus! Estou tão feliz que mal me aguento. O Zeca veio hoje falar comigo de novo! Descobri que somos vizinhos! Isto não é incrível? Ele pediu que eu limpasse o cocô do Bob da frente da casa dele. Adorei o jeito grosso do Zeca. Quanta personalidade. Me apaixonei mais ainda. Deus, juro de pé junto que se eu ficar com o Zeca, paro de enforcar o Bob com a coleira.

6° dia: Deus... final de semana chegando e tive uma surpresa desagradável. Vieram me contar que o Zeca deu uns beijos na minha “amiga” Jéssica. E eu que pensei que o único cachorro da história fosse o meu Bob. Não sei se acredito ou me faço de louca, mas por via das dúvidas já peguei um prego enferrujado e arranhei toda a lateral do carro do pai do Zeca. Deus, juro pelo Bob que se for tudo mentira, indico um bom mecânico para o meu futuro sogro. Mas se for verdade, eu atiro uma pedra bem no meio dos cornos do Zeca.

7º dia: Deus, já era. Ontem, na balada, o Zeca e a Jéssica ficaram de beijos e amassos na minha frente, sem dó nem piedade. Não me pergunte como acabou a noite deles, por que eu não vi mais nada depois do porre bafônico que eu tomei. Alguém me levou para casa e me acordei às 11 horas da manhã com o Bob lambendo minhas bochechas. Querido Deus, se aqueles dois cretinos engatarem um romance, eu juro pelo Bob que alguém vai parar no cemitério. Detalhe: não serei eu.

Vigésimo dia: Deus, ah Deus... Nada como um dia após o outro. A Jéssica rompeu o namoro com o Zeca. Ela descobriu que o garoto não gosta de tomar banho, tem chulé e é relaxado. Ri tanto da cara dela (escondido, é claro) que minha barriga está doendo até agora. Quem mandou pegar o bofe das outras?! Toma! Ah, Deus, lembrei: conheci um gatinho ontem na academia. Juro que se eu der uns beijos nele, tiro a praga que eu lancei para a Jéssica morrer encalhada. Pode ser?

Patrícia da Fonseca
Enviado por Patrícia da Fonseca em 21/06/2011
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