A Minha Liberdade

A cada hora a suas decisões tomavam um rumo divergente. Vez por outra se revestia de uma verdade radiante,e percebia na veracidade dos fatos o seu destino, porém logo o medo lhe amordaçava os sonhos e o fazia refém de uma realidade estática. Na deficiência de suas próprias espectativas, deixou-se imerso em seu próprio desterro.

No começo, tentou viver os próprios sonhos, mas com o tempo percebeu que a vida só lhe permitia viver o sonho alheio, e depois de provar o gosto acre do julgamento dos indiferentes ao seu redor, já nem sabia mais sonhar. Os desejos deram lugar as responsabilidades que se amontoaram ao correr dos anos. Era dura aquela sua vida, contudo, não poderia fazer o mesmo que alguns de seus amigos, e tirar a vida "num" ato covarde, pois se recusava a ceder.

Não poderia deixar o tempo passar, e aquela noite parecia lhe ser perfeita. Depois que pesou suas escolhas decidiu que era preciso se libertar daquela prisão de tijolos, concreto e desilusão. Colocou as suas poesias e letras de musica em uma bolsa, que já guardava algumas roupas, livros e até comida. Colocou sua jaqueta velha que, por tanto tempo, ficara guardada no fundo do guarda- roupas. Tinha no bolso um pouco de dinheiro e seus documentos: era realmente tudo do que precisava.

Jogou-se na noite: ele, sua bolsa e um violão. Chorou sem parar por entre as tantas ruas que rondou na madrugada, e foi parar na praia, aonde ficou a observar o dia que já amanhecia. Nem se dera conta de quanto tempo tinha passado sem ver o nascer do sol, e agora de joelhos sobre a areia da praia, abria seus braços para o céu, e reconhecendo a presença de Deus em tudo aquilo disse:- Eu finalmente começarei a "viver". Ele havia fugido de casa, mas percebia no mundo uma casa melhor.

Felipe de Oliveira Ramos
Enviado por Felipe de Oliveira Ramos em 17/06/2011
Reeditado em 22/11/2011
Código do texto: T3040783
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