justeza

O tempo partiu a gente em dois. A gente era um so, como se tudo que eu pensasse

Ela respondesse. Tinha vez que eu ria, ela ria. Quando chorava via seus olhos marejarem.

Meu olhos era os olhos dela, a carne, o pão, o parque, tudo que gostava partia do que ela me falava. Vivi tanto tempo assim, sem saber o que era meu e o que era dela. agente se amou assim, nessa confusão, sem limites. Ultrapassando a todo tempo o coração do outro. A gente só sabia assim. Fazer amar diferente era penoso, dava medo de perder. E quando a gente ficava com medo, não sobrava mais nada na vida. Só a necessidade do outro voltar. Até que de novo tudo aparecia. Como se a vida não tivesse fim. A fechadura da porta era grande e pesada, e fole aceso, lavava a brasa e esquentava o quarto e a sala de estar. Juntinho, quase morrendo de apertação. As paredes da casa era como se uma fôrma da gente, tudo combinadava pra fazer parte de nosso sonho. Acordar de manha era so um jeito, ou um desculpa de descançar. Pra ficar forte e ruminar sem mais medo. Ficar parado sem fazer nada somente perto de casa, se ir ou cantar. Era diverso doente. Isso os braços dela estava sempre me dizendo. Correndo de lado contrario, prendendo a gente dos dois lados. Sai desse tempo já, mas os modos que lembro reaviva tudo, e faz cada parte do que lembro um aperto no peito que da vontade voltar...

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 16/06/2011
Código do texto: T3038715