CAFÉ DA MANHÃ

Assim como acontecia diariamente, Valquiria preparou a mesa do café da manhã com requinte. Esperou pacientemente Jonas acordar. Olhou com ternura para o marido. Retribuiu o beijo com uma lambida no pescoço dele. Observou-o no desjejum e o acompanhou até a porta. Ficou alí, parada enquanto ele seguia para mais uma jornada de trabalho.

No caminho, Jonas pensava "Que mulher! Eu não mereço. Mas sabe como é, sou homem..." Pegou o celular no bolso da calça e discou um numero... "Alô? Olá minha gatinha... Tudo bem? Olha, hoje te espero na hora do almoço em frente ao shoping. Um pedido: vá com aquela calcinha vermelha que te dei. Um beijo gatinha", sorriu desligando.

De repente, reparou que estava suando mais que deveria para uma manhã de outono. Porém, o pensamento era para a nova do pedaço: Coxas grossas, bumbum arrebitado e uma boquinha... Uma leve dor no estômago trouxe um certo incômodo. Passou uma das mãos no rosto e constatou que estava completamente molhado. Ficou assustado. Parou. A dor, agora mais forte, provocou um espasmo. Tentou gritar. Não conseguiu. Involuntariamente, sentiu o corpo cair.

Enquanto isso ainda na porta da casa, Valquiria relia o bilhete: "Oi amor, vamos nos encontrar de novo! Você é maravilhoso! Deixa essa velha em casa e vamos "comer" juntos no almoço de amanhã. Te aguardo. Assinado: Sua gatinha". Com um sorriso estranho, ela segurava na outra mão um pacote vazio, onde se lia: Veneno para rato.