Razão, emoção...
Ando me sentindo numa das animações do Brakhage, uma profusão de cores, sem som e com mil e uma sensações passeando pelo corpo. Sabe como?
Hoje me disseram que ando fria, distante e desacreditada. Mas o que eu posso fazer se o amor, o tão venerado amor, me parece uma novela mexicana com atores péssimos e uma atuação chula de terceiro mundo? Eu já amei demais, acredite. Me entreguei, fiz loucuras, pedidos, realizei desejos alheios, fui feliz e fiz muitas pessoas felizes. Mas tudo tem data de validade, vencimento saca?
Você vai lá, conhece a pessoa, se encanta, se apaixona, aprofunda toda uma relação, ama e se entrega. Tudo muito lindo, convenhamos. Mas numa determinada altura aparece um outro alguém pra você, ou pra pessoa que te ama no momento, ou alguma situação vinda de fora acaba estragando esse castelinho mágico que vocês construíram feito filme da Disney.
Aí você se machuca, chora por dias, dorme mal, tem aquela famosa deprê pós término, teus amigos te apóiam, dizem que vai ficar tudo bem, você diz pra si mesmo que não valeu a pena, que ela não soube te valorizar, que não era pra ser, que nunca mais vai se entregar, que não vai mais se apaixonar nem cometer os mesmos erros, bla bla bla.
Já viu aquele filme, Goldfish Memory?
Ele conta essa brilhante teoria de que, em matéria de relacionamentos, todos temos a memória do peixinho dourado, sim, aquele peixinho de aquário mesmo. A memória dele dura tão pouco que, cada volta no aquário pra ele é uma coisa nova, um mundo novo. É assim que agimos nos relacionamentos: amamos, sorrimos, choramos, quebramos a cara e juramos que nunca mais isso acontece... mas passa um tempo e tudo acontece de novo. A memória do peixe dourado ataca.
Eu não ando fria e desacreditada, eu só ando com memória de elefante.
Não entrego mais meu coração pra qualquer um que diga palavras bonitas e me faça feliz por um encontro ou dois, tem que conqsuitar mesmo, mostrar que não é só mais um peixinho nesse aquário todo. Me desculpem os sentimentais, emotivos e apaixonados. Eu só acordei mais racional que o habitual, tô deixando a razão alagar o coração por um tempo e ver no que dá. Triste né? Ou não...