O Silêncio de HOUSTON
O foguete despeja um turbilhão de hidrogênio líquido, em fúria descomunal, num gesto de rebeldia e revolta; aos poucos, a Terra se torna um insignificante ponto no retrovisor da nave espacial.
De repente, alguma coisa acontece...
- Houston, we have a problem!!
Perdemos contato... estamos à deriva, rumo ao desconhecido!!
Ecoam ruídos da estática sideral… chiados estereofônicos... silêncio ensurdecedor!
Relembra da Apolo 13, e uma sensação de abandono toma conta de sua cabeça, deixando-o exaurido psicologicamente.
Momentos de apreensão... dúvidas... desespero...
Por fim, uma certeza: não há mais nada a se fazer...
Resignação...
O que ficará para trás? O que virá pela frente?
Haverá um admirável mundo novo a descobrir?
Terra, como eras bela em seus defeitos!
Mares, não sentirei mais tuas marés!
Por-do-sol, ainda verei teu alaranjado?
Ar rarefeito... respiração ofegante... roupa molhada de suor....
O desespero bate impiedosamente...
Esboça um grito de revolta: como pode ter acontecido? Sua vida, seus amores, nunca mais os terá! Arrependimento... por que não disse mais vezes que os amava?
Um soluço infantil o domina... tudo acabado!
De repente, um bip estridente!
- tá na sua hora!
Ele esfrega os olhos, acomoda a visão à claridade e então reconhece aquela meiga voz: é sua filha que o acorda para ir trabalhar...
Percebe, então, o que aconteceu... chora convulsivamente...
Uma nova oportunidade se oferece...
Dessa vez, ele tem certeza de que não a perderá!!
Houston quebrou o silêncio...