Cotidiano V. Julgados da Consciência.
São Paulo, 15.04.2.000 – noite.
Noite boa. Aniversário da Vó Dita. Cansado de tantos esportes; meu ombro dói; são oito e trinta e pretendo dormir.
16.04.2.000 – noite.
Um domingo qualquer...
17.04.2000 – manhã.
Num clima fresco, frequento a biblioteca em últimos anseios, a já saudosa biblioteca do Banespa Patriarca. Suas pessoas, seu odor, livros mágicos, estrutura, elevadores, banheiros, cafés..., meu Deus!
Estou resfriado!
É noite. Bebo duas cervejas geladas mescladas com vírus gripal. Toca uma canção no rádio. Sinos tinem no meu cérebro. Peço uma porção de batatas fritas para aplacar a dor da fome, pois em meu estômago só há um pouco de líquido azedo .
Agora há pouco saiu uma mulher estranha... Devo seguí-la até o enjôo? Alguns bêbados me interrompem, atraídos por um livro que deixei sobre a mesa, questionando se se tratava de filosofia oculta. Que obscuro! Existência de Atlântida?
Minha cabeça dói.
18.04.2.000 – manhã.
Adoro bibliotecas, sebos e bares. Ergui-me cedo da cama, em bom estado de conservação. Controlei os impulsos de loucura que me interpelaram ontem à noite. Mais uma vez consegui sair com vida...
“Abelha diligente não tem tempo para tristeza”.
Já é noite, por volta das sete. Vagão metroviário..., vou ter com a moçada...
19.04.2.000 – 10:25.
Deveria me abster mais! Ontem à noite fiz tudo o que não devia. O “outro” eu fez, o selvagem, o insano, tomou controle. Quando vai embora me deixa com as responsabilidades...
Meu chefe é gordo e feio, não tem como negar. Não que pessoas gordas são normalmente feias, longe disso, mas meu chefe é feio, mais especificamente, para ser mais sincero, é um monstro advindo de planeta Feiópolis, mas mesmo assim vou pedir uma folga a ele, afinal, depois de amanhã é sábado e irei para minha terra, pisar no mundo, na grama, no solo hostil, as cervejas com os companheiros, se é que deixam alguém dizer...
A maioria dos homens são corruptíveis; não há salvação, pois ser pensante pensa demais no que não deveria. A situação se agrava nas metrópoles, onde a busca pela melhor parte da carniça é mortal. Devoram-se indiretamente uns aos outros...
É de se pensar nos julgados da consciência...