REFLEXÕES E LEMBRANÇAS DE UM DIA BOM.

Estava em meu carro quando começou uma musica de Boy George, eu viajei ao meu passado e me senti novamente com 16 anos, só que melhor hoje aos meus quarenta e dois anos percebi que a minha vida deu várias voltas e eu me torneio que eu queria e ainda melhor que imaginei. Senti que hoje eu teria um dia em que minha mente iria refazer todos meus sonhos.

Eu me dirigia à casa de uma amiga. Visitei-a e voltei para minha casa estava friozinho hoje e resolvi relaxar e dormir. Estava dolorida, cólicas é que nos acomete em certos períodos. Acordei já por mais das 17h e resolvi sair.

Fazia tempo que não me dava de presente um passeio no shopping e hoje eu tinha que resolver um probleminha de um chip de celular e fui a um. Não gosto muito de shoppings, mas o Parque Shopping é meu preferido desde que o construíram, eu adoro ficar de bobeira andando por ele. Cheguei por voltas das 19h.

A sensação de plenitude me invadiu ao andar pelos corredores depois que sai da loja da operadora de celular. Fui a uma livraria que costumava ir e comprei mais um livro, este era do Osho – Emoções, eu fiquei lá folheando e depois resolvi passear mais. Como sempre faço quando eu compro um livro fui a um café e pedi com chantilly, sentei-me no fundo da lojinha e fui ler um pouco enquanto saboreava meu delicioso café com biscoitinhos de queijo. Fiquei ali alguns momentos. Sentia meu coração leve com minha alma livre. Eu estava livre , eu sou livre poderia fazer o que eu quisesse, realmente eu poderia e sentia este poder dentro de mim. Quantas vezes eu deixei de fazer algo por medo, receio do que pensariam. Hoje vejo que ninguém se importa, ninguém pensa nada, é a gente que fica imaginando, fantasiando que somos observados. Somos livres e nem nos damos conta disto. Como diz Osho “O interior funciona como um projetor; os outros passam a ser telas e você começa a ver nos outros o que, na verdade, você mesmo é.” Muitas vezes fazemos ou deixamos de fazer por causa destas fantasias e ilusões que criamos. Perceber isto nos torna especial e livre. Livres de nós mesmos.

Ainda dei umas voltas sem direção, só queria estar ali comigo mesma. Pensei como é maravilhoso estar onde se quer e como quer. Como é bom saber disto e estar consciente. Cada dia que passa me sinto mais una com a vida, com o universo. Percebo que não precisamos de pares para ser feliz e nem ter tudo que imagina materialmente para encontrar a felicidade.

Procurei a saída onde tinha deixado o carro com o manobrista. Paguei o estacionamento e fiquei esperando trazerem o carro. Assim que vi meu carro me levantei e então o manobrista comentou que meu carro era esportivo e achou que um homem que era o dono, sorri e brinquei que aquele não era meu carro que quando eu o entreguei estava limpo e este estava sujo. O manobrista riu e eu agradeci. O carro estava imundo mesmo eu só queria brincar um pouco. Nunca resisto a uma gracinha. Peguei o meu corsa classic preto, com aerofólio e rebaixado, realmente não parece que é um carro de uma mulher de 42 anos, ruiva, professora que adora ler Osho.

Ao pegar a estrada me sentia tão feliz que gargalhava sem me conter. Como não queria ainda ir para casa e já era 22h e resolvi pegar direção contraria e fui para o Pontão do Lago Sul. Adoro este lugar é um dos meus favoritos. Lembro-me que eu sofria por não poder ir quando estava sem carro. Ouvindo rádio e mudando de estação comecei a ouvir uma musica do Caetano Veloso que também marcou minha adolescência e me lembrou da Escola Normal, Shy Moon ( lua tímida). Nossa como eu cantava esta musica, várias vezes eu dormia com o radiofone no ouvido ouvindo as musicas e esta era uma das que eu mais gostava. Hoje foi o dia para ouvir musicas dos anos 80 no carro. Desde cedo estava sendo brindada com recordações maravilhosas.

Estacionei o carro no pontão e esperei a musica terminar. Quando abri a porta do carro percebi que ainda não estava tão frio. Eu estava linda vestia um jeans azul escuro, botas para dentro da calça, uma blusa preta que caia e deixava meus ombros a mostra, e usava uma echarpe listrada de marrom, bege e marfim com alguns fios dourados. Levei o casaco de couro preto seria prudente, já que o dia foi frio e na beira do lago Paranoá iria ficar muito frio. Eu que estava excitada com minha alegria de viver e não estava com frio ainda. Andando pelo estacionamento passei por algumas pessoas e percebi que me olharam. Eram taxistas. Continuei a ir em direção a orla queria me sentar e ficar de bobeira. Desci por umas escadas perto do Bierfass, um dos vários restaurantes e bares que tem ali. Encontrei um banco e fiquei ali enviei um torpedo ao meu “namorado”, estava com saudades dele. Mas não fiquei focada nisto. Comecei a observar a água a lua que estava no quarto crescente, brilhava lindamente, a tímida lua e eu como na musica, só que minha musica não era como a de Caetano que falava de uma tristeza, a minha musica interna era de alegria e paz.

Vi que o pontão ganhou mais um espaço com outros restaurantes, da ultima vez que tinha ido tinha uns tapumes tampando e agora estava lindo e resolvi andar em direção aos novos restaurantes e bares. Anteriormente só tinha dois trapiches e eles construíram mais um. Andei até o mais novo e me sentei bem a beira. Estava molhado, mas e daí? Eu queria estar ali sentada. Tudo bem que esfriou e eu vesti o casaco. Mas o vento frio estava gostoso e ver o lago ali a minha disposição era incrível. Sentir a liberdade que já estava sentindo no shopping e era melhor ainda. Se eu quisesse, eu poderia fazer o que quiser, mas apenas quis ficar meditando vendo o céu, a ponte JK ao longe, as luzes de Brasília. E me silenciei. Mesmo com ruído dos barzinhos meu silêncio era maior que tudo. Minha solitude me envolveu magicamente. Eu pequena diante do lago me tornei gigante na alma que tornou-se uma só com universo. Não sei quanto tempo fiquei naquele transe. Recitei mantras, respirei sem quase sentir o ar. Só sei que nunca havia me sentindo tão liberta como naquele momento. Acho que encontrei o que tanto ansiei na minha adolescência, encontrei a verdadeira felicidade.

Na semana passada eu conversava com uma amiga e comentávamos que era muito fácil ser feliz quando se esta financeiramente bem com dinheiro na conta, morando em casa ou apartamento sem preocupação com aluguel e esta casa servindo de lar, pois se tem alguém com quem compartilhar o dia a dia, a cama, as novidades, quando tem um carro zero, filhos, pais. É fácil ser feliz quando se pode viajar de tempos em tempos. Mas eu sabia que era feliz sem tudo isto. E naquele trapiche percebi que não era tudo aquilo o que me fazia feliz. Hoje moro só, não tenho com quem compartilhar minhas alegrias ou dores no meu lar, pago aluguel, minha conta bancária esta a zero e o que era para ser zero, o carro, é usadão. Não viajo a mais de ano, mal vou aonde eu gosto, não posso dizer que meu “namorado” é o namorado, ainda não posso apresentá-lo como tal para as pessoa. Eu o amo muito como nunca amei ninguém, mas não o amo mais que a mim. Com ele eu tenho vivido um dia de cada vez, pois nunca saberei se haverá outro dia com ele. Aliás eu estou vivendo os dias assim, não sei se terei outros dias com quem quer que seja. Literalmente estou vivendo no agora.

E viver no agora é o que esta me fazendo estar consciente da minha vida e me tornei feliz incondicionalmente. Já que como disse um “amigo”: “Viver é acreditar que só existe o momento presente para sermos felizes. Se houver amanhã, é mera sorte! Carpe Diem!” By M.G.

Yoursun
Enviado por Yoursun em 11/06/2011
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