SEGREDO

Ana Lúcia não agüentava mais a ausência de Pedro. Todos os dias os filhos perguntavam: "Cadê papai?" e ela não tinha mais como responder. O ex-marido depositava a pensão em dia, mas não se fazia presente na criação dos filhos, assim Ana decidiu tomar uma atitude definitiva. Pegou o telefone e discou o numero. Esperou. Primeiro toque. Segundo. Terceiro:

- Alô.

- Alô, Pedro?

- Sim, Ana, alguma coisa com os meninos?

- Sim! Eles estão com saudades!

- Ando sem tempo, mas vou dar um jeito nisso.

- Dar um jeito? Você fala isso há tempos.

- Eu sei, é que ando sem tempo.

- Sem tempo, para os filhos?

- Desculpe-me, já disse que vou resolver essa questão.

- Tudo bem, mas a próxima vez que eles perguntarem, vou ligar pra você e aí você fala diretamente com eles.

- Entendo.

Ainda com raiva, Ana desligou o telefone pensando nos "reais" motivos que poderiam afastar o pai de seus filhos. Entre eles...: "Só pode ser outra mulher".

Do outro lado, Pedro enxugou uma lágrima teimosa enquanto contemplava um retrato dos filhos.

Ao lado na mesma cômoda, um laudo médico onde se lia positivo para uma doença terminal.