e mais uma vez a menina chora,mas dessa vez ela sabe por que
Foi numa mesa de bar as seis da manhã que ela ouviu as palavras mais bonitas de sua vida. Era uma poesia,improvisada, pra ela, sobre ela, sobre eles.
Nela, seu amado contava em forma de versos o primeiro encontro, com suas impressões e desejos.
“Ele se sentia enfeitiçado
Ela o enfeitiçara
Seus cabelos morenos no ombro
Seus olhos
Suas orelhas
Sua boca sensual
Seus olhos
Seus olhos o enfeitiçaram
E ele só pensava nela
No seu nome”
Ela, emocionada, não sabia o que fazer; chorar, o agarrar ali e gritar para todos o seu amor ou simplesmente tomar mais um gole de sua cerveja e deixar que seu amado terminasse de se declarar ali.O que fazer, ela pensou.
Quieta, continuou a ouvir o amor em uma poesia embriagada, palavras encharcadas em álcool.
Ele acabou e pediu que ela sentasse ao seu lado para que pudessem se beijar melhor, e trocaram, sob o olhar de evangélicos a caminho de um batizado, um beijo demorado, cheio de amor, como se fosse o primeiro. Ah, o amor!
Pagaram a conta e correram pro carro, dessa vez ela dirigiu; ainda emocionada pelo que ouviu, chorando, mas dessa vez ela sabia por que.