Atenção!
Na aula ele presta atenção em tudo, menos na aula. Presta atenção em coisas que passariam despercebidas em qualquer outro momento, a voz da professora é pano de fundo e todas as idéias passam na cabeça deste aluno desatento.
O jovem não se sente sozinho, nesse momento de percepção aumentada pelo tédio ele percebe outros desgarrados, espalhados pela sala: a menina lendo jornal, outro colega que escreve no caderno muito mais do que é necessário – certamente algo fora da matéria -, um casal que joga algo nas ultimas folhas do caderno, o mais cara de pau simplesmente dorme.
Existe um fio de consciência responsável no mar de desanimo, fio que o faz levantar a cabeça, ouvir e prestar atenção, mas cinco minutos são necessários para que o devaneio invada-lhe a mente e, novamente, desatenção no que deveria ter atenção: aula.
Olhar a professora não significa absorver conhecimento, é olhar o corpo – se valer a pena -, as roupas, imaginar e até xingar.
Teoria da relatividade dita a realidade numa situação de aula, o relógio parece passar com o sobro de tempo – as vezes mais -, trinta minutos depois das dez: 10:07.
O fim parece benção dos céus, lá fora o sentimento de dever cumprido, ela fez a chamada, ele levou presença. O conhecimento? Eu pego depois.