ANÔNIMOS HUMANOS
Era um dia quente e o casal de papeleiros arrastava o carrinho cheio de papéis, por entre os carros, como suas próprias vidas, na contramão.
Caminharam até a marquise próxima parecendo apenas procurar abrigo. Quando pararam, ele curvou-se sobre o carro e ergueu uma criança que chorava e ali ficaram silenciosos, parecendo presos em uma foto de jornal, enquanto a criança bebia leite de um vasilhame plástico.
Havia fome nos olhos e corpos do casal, mas o que sobrou foi guardado. E eles subiram a rua tão silenciosos e anônimos quanto chegaram.