Inverno do Coração

Entre sorrisos de conveniência e boas conversas com os amigos, sempre há uma memória que salta no ar, dançando naquele seu ritmo de saudade. Não ouso fitá-la por muito tempo, ainda não; baixo os olhos, continuo o assunto, tento disfarçar e sinto o vinho descer quente pela garganta para desfazer o nó deixado pelas lembranças.

Mas a memória é persistente, viva demais para ser ignorada. Sua melodia me envolve e tento manter o controle. A alma tampouco suporta aquela música e me cobra explicações. Será que não tenho mais paz?

Busco a felicidade noutros lugares e tudo me leva pensar que simplesmente a perdi, junto, quem sabe, com aquele amor. Me encontro perdido em pensamentos, topando com um ou outro fragmento de ti no frio das noites. Acho que amores jurados não duram tanto assim. Deve ser quase novembro, mas ainda faz inverno no meu coração.