Corra, Lola, Corra!
O olhar de desespero. A aflição em sua face. É indescrítivel dizer o que ela pensava. O medo tinha tomado conta de si de tal forma que começou a correr. Difícil alguém como ela correr. De fato, ela não correu. Ela tentou com todas as forças correr, mas na realidade só estava se arrastando. Se arrastava com desespero no concreto frio. Pensava que se pelo menos chegasse no canteiro ele não lhe faria mal. O canteiro parecia tão longe. Mais ela se esforçava. Sentia a presença de seu inimigo. Arrastava de uma forma sofrível, penosa, mas desesperada. O canteiro não estava perto o suficiente. O fim, esse sim, estava próximo. Já podia sentir seu corpo a pinicar primeiro e depois a borbulhar. A dor era terrível, mas mesmo assim não desistiu: continuou a se arrastar. No entanto, o menino, como o sádico que era, lhe despejou todo o sal sobre suas costas e em questão de segundos sobrou no deserto de concreto da varanda apenas uma pequena poça d'água, vestígio do que fora um dia uma brava lesma.