O menino e a flor
Eu estava sentado na pedra, naquela pedra gigante do jardim. -Ou será que não era tão grande! Faz tanto tempo. Vou passar lá para conferir. Mas eu vi. Sentado na pedra eu vi tudo. Vi o homem passar e parar. Vi a moça chegar e parar. Ele era velho. –Será que era tão velho? Ela também. - Eu acho que nem eram velhos. Mas ele estava com uma flor na mão. Flor vermelha, enrolada com um celofane. Era tão linda... A flor. A moça também. O homem não sei. Parecia estranho. Mas acho que não era feio. Feio daria medo. E não tive medo. Ele entregou a flor para a moça. Ela pegou com carinho e cheirou. Não escutava o que eles falavam. Mas parecia tudo tão bonito. Ele a abraçou, e beijou. Fiquei querendo que ele a beijasse na boca. Mas foi só no rosto. Ela sorria muito. Parecia feliz. Mas ele não parecia. Tinha alguma coisa nele que parecia triste. Daí eles conversaram, conversaram... Ela foi ficando séria, triste, e começou a chorar. Não escutei o choro. Mas via-a enxugando os olhos, bem depressa, parecia que não queria que as lágrimas caíssem. Ele tentava consolá-la, mas vi que não tinha muito sucesso. Passava a mão no cabelo dela. Segurava a mão dela entre as suas, e falava. Falava sem parar. Depois deu mais um beijo na face dela e saiu andando devagarzinho. Parecia triste e feliz. Estranho. Ela ficou. Sentou em um banco próximo a minha pedra e ali ficou. Olhando a rosa vermelha, e chorando. Fiquei com vontade de ir até lá e dar um abraço que nem minha mãe fazia quando eu chorava. Mas não tive coragem. Ela chorou, chorou, olhou novamente para a flor deu um beijo nela e jogou-a na grama do jardim. Ela ficou lá, a flor, no meio do verde da grama, parecendo tão abandonada. A moça foi embora. Já não chorava mais. Só estava triste. Não entendi nada. Como alguém pode dar uma flor para outra pessoa, fazê-la chorar e partir. Faz tanto tempo. Peguei a flor e fui para casa. Dei para minha mãe. Ela deu o sorriso mais lindo que eu já tinha visto.
Eu estava sentado na pedra, naquela pedra gigante do jardim. -Ou será que não era tão grande! Faz tanto tempo. Vou passar lá para conferir. Mas eu vi. Sentado na pedra eu vi tudo. Vi o homem passar e parar. Vi a moça chegar e parar. Ele era velho. –Será que era tão velho? Ela também. - Eu acho que nem eram velhos. Mas ele estava com uma flor na mão. Flor vermelha, enrolada com um celofane. Era tão linda... A flor. A moça também. O homem não sei. Parecia estranho. Mas acho que não era feio. Feio daria medo. E não tive medo. Ele entregou a flor para a moça. Ela pegou com carinho e cheirou. Não escutava o que eles falavam. Mas parecia tudo tão bonito. Ele a abraçou, e beijou. Fiquei querendo que ele a beijasse na boca. Mas foi só no rosto. Ela sorria muito. Parecia feliz. Mas ele não parecia. Tinha alguma coisa nele que parecia triste. Daí eles conversaram, conversaram... Ela foi ficando séria, triste, e começou a chorar. Não escutei o choro. Mas via-a enxugando os olhos, bem depressa, parecia que não queria que as lágrimas caíssem. Ele tentava consolá-la, mas vi que não tinha muito sucesso. Passava a mão no cabelo dela. Segurava a mão dela entre as suas, e falava. Falava sem parar. Depois deu mais um beijo na face dela e saiu andando devagarzinho. Parecia triste e feliz. Estranho. Ela ficou. Sentou em um banco próximo a minha pedra e ali ficou. Olhando a rosa vermelha, e chorando. Fiquei com vontade de ir até lá e dar um abraço que nem minha mãe fazia quando eu chorava. Mas não tive coragem. Ela chorou, chorou, olhou novamente para a flor deu um beijo nela e jogou-a na grama do jardim. Ela ficou lá, a flor, no meio do verde da grama, parecendo tão abandonada. A moça foi embora. Já não chorava mais. Só estava triste. Não entendi nada. Como alguém pode dar uma flor para outra pessoa, fazê-la chorar e partir. Faz tanto tempo. Peguei a flor e fui para casa. Dei para minha mãe. Ela deu o sorriso mais lindo que eu já tinha visto.