NA TEIA DA ARANHA


Ele estava com quinze anos de idade, ela trinta e oito anos e um filho com menos de um ano. Naquela tarde ele se ofereceu para levar duas de suas sacolas de mercado, naqueles tempos eram sacolas de papel. Fazia pouco tempo que ela foi morar na casa ao lado.

Mulher morena de cabelos compridos negros azulados, olhos verdes. A mulher era de fato muito bonita. No caminho até em casa ele ouvia o que os homens diziam ao passarem por eles, e ele percebeu que ela gostava, pois sorria. Ao chegarem ao portão ele depositou as sacolas no chão e disse até logo. Ela pediu que ele ajudasse a levar as sacolas para dentro da casa.

Estranho arrepio correu sua espinha. Sentiu as faces quentes. Ele abriu o portão para que ela entrasse com o carrinho do bebe, pegou as sacolas e entrou. Seguiram pela lateral da casa e entraram pela cozinha. Não era a primeira vez que ele entrava naquela casa, conhecera os antigos moradores, mas era a primeira vez que não estava a vontade.

Ele não entendia o que estava sentindo, queria ir embora, mas queria ficar. Já não conseguia não olhar para ela. Viu a delicadeza dos pequenos pés, o torneado das panturrilhas, Os joelhos e o início das belas pernas. Ela retirava das sacolas frutas legumes cereais, e colocava sobre a mesa e bancada da pia.

Olhou para ele e mandou que sentasse, mas a pergunta que fez teria derrubado o menino se ele já não estivesse sentado. Com o mais belo sorriso que aquele menino já vira ela perguntou porque ele estava com as faces vermelhas. Mais vermelhas e quentes elas ficaram, e mais amplo o sorriso dela.

Perguntou se ele queria um suco, ele aceitou. Ela pediu para que ele esperasse enquanto punha o menino no berço, ele estava dormindo no carrinho azul de grandes rodas. Ao passar por ele empurrando o carrinho, tocou sua face com a mão e disse: -Eu já volto, não vá embora.

Ele não foi embora. Enquanto ela não voltava lembrou que alguns meses antes, naquela mesma cozinha, ele e seu amigo André estiveram olhando fascinados a teia que uma aranha tecera entre a geladeira e a parede. Era grande a teia, e nela estavam presos alguns insetos.

Ela voltou para a cozinha sem o carrinho, sem o bebe, sem o vestido amarelo. Ele nunca soube explicar para si mesmo, por que durante o ato, ele ainda via os insetos presos na teia da aranha.
Yamãnu_1
Enviado por Yamãnu_1 em 19/05/2011
Reeditado em 07/10/2011
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