Além da maquiagem
Num vazio tremendo, Mara finalmente de cansou de tentar ser o que não sentia, se trancou no quarto e chorou.
Foi um momento sem contagem de tempo. Porém, um momento em que a vida foi repensada, desde as escolhas, até o comportamento diante dos resultados destas escolhas.
Naquele momento, não precisou ser a pessoa que sorria sempre, que cantava sempre ou que tinha sempre uma resposta para todas as questões.
Não.
Era só alguém que sofria, sentia e precisava da verdade para voltar ao chão da existência.
Mais que o dinheiro, mais que os muitos namorados, mais que as compras que canalizavam o desejo de ser, ou ter, alguém; mais que as muitas camas pelas quais passou usando e sendo usada a fim de encontrar alguém que ficasse por mais que uma noite, Mara simplesmente desabafou em lágrimas sua vida.
Ao se permitir retirar a máscara condicional, encarou a vida e assim, se questionou, criticou, gritou e chegou a uma conclusão: Que estava tudo errado!
Não queria mais a obrigação de agradar, aceitar, se doar e principalmente sem ter a missão visceral de "se dar bem na vida".
Ainda sentia o vazio, mas se sentia aliviada por voltar a ser ela. Limpou o rosto das lágrimas e da maquiagem.
Respirou fundo.
Abriu a porta do quarto e viu o dia com um lindo sol que brilhava.