Um novo diário.

Talvez eu esteja enlouquecendo, gosto dessa loucura meia lúcida. É feriado são 10:52, estou sentado no centro da cidade, observando as pessoas. Um cigarro, um copo de café, este pequeno caderno e essa caneta com que escrevo a vocês me fazem companhia.

Sempre que sento aqui, acabo por encontrar algum " amigo ", hoje será diferente, é feriado e as pessoas dormem até a hora do almoço, outras até a hora do café da tarde e outras mais, ainda estão acordadas e só dormirão quando a euforia do álcool e das drogas que usaram na noite anterior forem embora.

Olho a direita, um casal com seu filho esta sentado a poucos metros daqui, ele uns quarenta e cinco, ela uns trinta, a criança no colo dela, sorri o tempo todo, deve estar na faixa dos sete.

A direita duas moças olham em minha direção, sem parar, devem estar pensando " O que aquele louco esta escrevendo? ". Estão tomando chimarrão, são jovens e bonitas, cheias de vida, vejo alegria nos olhos de ambas. O café esta esfriando, obeservo tanto que até esqueço dele, acendo outro cigarro e é o último que tenho, talvez compre outro maço ainda hoje. Aceso, sinto um pouco de minha vida ir embora junto com a fumaça.

O casal da esquerda esta sorrindo agora, digo o casal, porque apenas ele e ela sorriem, a criança ja não sorri, eu não sei o motivo. Se sorrisse eu diria " a familía".

Em minha frente, agora, passam lentamente um casal de velhinhos, mãos dadas, caminhando devagar, acho tão bonito mas não sei se chegarei a idade deles.

Talvez essa loucura meia lúcida que citei lá no começo desse amontoado de palavras, me leve com ela quando for embora, se for embora. Antes de eu chegar aos trinta ou até mesmo aos vinte e um que faço daqui a exatamente cinquenta e três dias, penso por alguns segundos. Interrogação.

O que são cinquenta e três dias ? para quem viveu duas décadas?

não sei, não tenho todas as respostas, apenas pequena parte delas, as que mais preciso eu ainda não encontrei. São 11:18, vou embora, aquela familía já o fez. As moças da esquerda continuam lá.

Vejo novos rostos a todo o momento, tem um pouco de mim em cada um deles, mas íncrivel, não vejo a loucura meia lúcida em nenhum. Talvez porque a única pessoa quase louca no centro da cidade, escrevendo nessa manhã fria de dezessete de maio, seja eu.

Pérsio
Enviado por Pérsio em 17/05/2011
Código do texto: T2976834