Azul
Mal Trabalhei!
Não consegui, nem tentei! andei tão ansiosa o dia todo, esboçando simpatia, apatia... nem sei! Só pensava no azul...
Verfiquei a pilha do relógio de parede, os ponteiros pareciam se arrastar, ...tudo certo! Era o tempo que se arrastava mesmo.
Por algum motvo que ainda desconheço as garrafas com café e cha estão posicionadas numa mesa de cerejeira que fica exatamente abaixo do mesmo relógio. Com isso, cada vez que verificava as horas e as pilhas; como que por convite bebia alguma coisa, tomava um cafézinho amargo,o que só aumentava a agonia, e no auge dela tomava um pouco de chá para me acalmar.
Foi até com um certo esanto que Dna Anastácia me olhou ao levar as garrafas para a copa pela terceira vez e traze-las novamente abastecidas. Não me importei.Só pensava no azul...
Não me importei com o papo furado de Célio, um colega de escritório que vive em linha muito tênue entre a falsa modéstia e a presunção;
característica que sempre me causou náuseas. Mas que surpreendentemente funcionava com algumas estagiárias sem muito conteúdo.
Levantei e fui espiar a vista da janela, mas nem mesmo o vai e vem dos guarda chuvas coloridos que se moviam como flores num jardim me distraiu. Logo eu, eu que passava as tardes ali, colada ao vidro do 12° andar apenas observando a vista.
Hoje apenas ouvia o Tic-tac irritante e vagaroso do relógio que insistia em não trabalhar.
Por duas vezes precisei ir ao banheiro lavar o rosto e acalmar os ânimos, na segunda vez a maçaneta enguiçou, o que me deixou ainda mais aflita.
" -Vinte para as cinco!"
Revirei a bolsa em busca do meu celular mais não encontrei, tomei uma pilula da cartela, (Ai,ai,ai... morro de medo de ficar grávida!) e resolvi terminar uma palavra cruzada que havia começado no ônibus, talvez isso udesse me distrair... nada!
Só pensava no azul, aquele azul profundo, transparente.
Cinco para as cinco,
"- Enfim!!! " exclamei, juntei as canetas, passei a mão na bolsa e corri para o elevador. Acho que nem me despedi..
Alcançei a rua a passos largos, acendi um cigarro(após quase três garrafas de café) então eu vi, aquele azul de seus olhos sorrindo pra mim.
Já se passavam três longas semanas desde a ultima vez que o vi!
Me beijou longamente com aquele sabor amargo de campari hortelã e me abraçou tão suave como um blues antigo.
"- Fez boa viagem? " perguntei
"- Que saudade do seu cheiro!" ele respondeu afagando meus cabelos.
Cruzamos a Haddock lobo falando de novidades, política, banalidades e saudades. De que importava o tempo agora?
Estava frente a frente com aquele azul de novo.
Que Azul !