A fazedora de bolos

Há muito um grupo de amigas não se encontra para matar a saudade. Já passou da data que marcaram para mai um encontro anual e resolveram então fazer uma surpresa para uma das amigas que aniversariava naquela semana. Meio sem tempo, todas elas resolveram como iria ser a festinha por telefone mesmo. Decidiram o que cada uma iria levar e Cláudia logo disse que ia ficar com o brigadeiro.

"Eu compro a lata de brigadeiro pronto e as forminhas já tem aqui em casa, muito mais fácil".- Pensou Cláudia enquanto Maria falava que iria levar o bolo.

Tudo decidido: Joana leva as cervejas. Ângela os salgados. Maria o bolo. Cláudia o brigadeiro

Algumas horas depois do combinado, Claudia dormia tranquilamente, tirando aquela sonequinha depois do almoço, quando escutou o telefone começou a tocar. Era Maria desesperada.

- Claudinha, pelo amor de Deus! Me acuda!!O forno aqui de casa não ta funcionando!!

"Como a filha da boleira não tem um forno que preste dentro de casa? "- Claudia pensou com um olhou aberto e outro fechado, ainda presa no sono.

- Eu fico com o bolo então e você com o brigadeiro, ok?

- Pode ser...fica bom pra você? Sem problemas mesmo?

Claudia não pensou duas vezes em dizer sim. Na hora o que ela mais queria era apenas voltar a dormir e depois resolveria coma mãe como ia fazer o bolo.

- Obrigada amiga, beijos até amanha!

A única ação depois do telefonema foi a de Claudia se virando para o lado e voltando a dormir.

A noite chegou, ela acordou, o jantar em família foi tranqüilo como sempre, assistiram novela, todos foram dormir, Claudia ficou vendo TV até mais tarde como era de praxe e só quando deitou a cabeça no travesseiro foi que lembrou da tarefa impossível para ela, uma torta na cozinha, de falar com a mãe sobre o bolo.

A manhã chegou, o sol tocou na janela, sua luz refletiu, Claudia acordou e levantou.

Casa silenciosa de mais para um sábado e bem em cima da mesa tinha a resposta: um recado da mãe.

“Filha, fui pra fazenda. O almoço está pronto, vou tentar chegar antes de você sair. Beijos.”

Claudia leu, a comida esquentou e ela comeu. Só quando pegou um potinho de gelatina de cereja pra comer foi que lembrou:

- Meu Deus! O bolo! E agora?

A ficha caiu.

Andou pra lá e pra cá sem saber por onde começar, mas tinha que começar. Ela tinha que fazer não tinha mais ninguém. Pegou o caderno de receita da mãe e a primeira coisa que viu foi o bolo feito no liquidificador. Mais fácil impossível para alguém que seria capaz de causar um incêndio só em tentar ligar o forno. Checou os ingredientes: tinha todos.

-Bolo de cenoura com cobertura de chocolate. É gostoso, acho que vai dar certo.

Quem, em sã consciência levaria um bolo de cenoura pra um aniversário? Cláudia!

Terminou tudo, tomou cuidado em ascender o forno e foi se ocupar da cobertura. Depois de tudo pronto, desinformou o bolo, colocou em uma bandeja bonita, passou a cobertura e quando viu o relógio já era hora de se aprontar.

Aprontar? Ela começou a fazer o bolo depois do almoço! Entendam... Cláudia é uma torta na cozinha... nada mais difícil que fazer um bolo de aniversario para ela. Sim, ela terminou o bolo na hora de ir pro aniversário.

Depois que se aprontou e foi ver se estava tudo bem, o bolo tinha murchado e a cobertura tinha escorrido toda para a borda da bandeja. Parecia mais uma pilha de panquecas com uma calda fina de chocolate por cima. Pobre menina, nunca ficou tão desolada. Nunca pensou que iria dar um presente tão sem graça a alguém.

A mãe da fazedora de bolo chegou e não segurou a gargalhada quando viu a cena: Claudia sentada na cabeceira da mesa, o rosto enterrado nas mãos o olhar desolado.

-Que foi filha?

- Olha isso mãe! Fui tênar fazer o bolo, mas ele murchou! E agora? Vou ter que levar assim mesmo... Ângela já ta chegando pra irmos pra casa de Joana...

- Filha, era só ter ido à padaria aqui do lado e comprado um pronto!

Tão simples a solução! Ô bicinho danado esse tal de desespero viu. Se não tomar cuidado ele não deixa ninguém pensar direito...

Patricia Oliveira Dias
Enviado por Patricia Oliveira Dias em 16/05/2011
Reeditado em 16/05/2011
Código do texto: T2973942
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