Sinceridade à flor da pele
Meu pai tinha verdadeiramente um espírito cosmopolita, bem acima desses provincianismos baratos. Boníssimo e ao mesmo tempo sincero demais.
Embora muito amigo dos filhos, com fino humor, não perdia a autenticidade.
Tinha nas veias o velho sangue nordestino: paraibano e pernambucano.
Talvez esse seja o detalhe para a sua impressionante sinceridade.
Eu, jovem, muito curioso, enchia meu pai de perguntas sobre tudo: desde o início do mundo até a previsão dele sobre o fim desta vida. Perguntava, avidamente, porque sabia que, em certo momento, ele se levantaria da cadeira da sala e encerrava meu interrogatório com a sua muito sincera e lapidar frase: - “Gilberto, não podendo mais suportá-lo, eu me retiro”.
Foto: Meu velho pai na poltrona da sala, eu, e minhas jovens filhas