Jantar em família – Lição de Vida!
Era uma noite especial, nosso amado filho, o Lucas, estava completando um ano de vida. Fomos ao melhor restaurante da cidade comemorar. Estávamos esperando o Luquinhas completar dois anos pra fazermos a festa de arromba que ele merecia, pois só por aí que ele aproveitaria. Mas não queríamos que passasse em branco, então fomos jantar fora. Convidamos alguns amigos, meus pais, meus sogros, irmãos e cunhados e lá estávamos. Todos muito felizes, pois Lucas era o primeiro e único neto de ambos os lados, os tios todos corujas, avós babões e padrinhos orgulhosos daquele lindíssimo bebê de cachos louros e olhos azuis. Parecia um anjo! A elegância dos nossos convidados também era algo que notava-se de longe, já que éramos de famílias abastadas e tradicionais. O requinte do ambiente condizia com nossa aparência. Tudo muito bom, fotos e mais fotos. Não fosse por um fato. Tinha um mendigo esfarrapado, descabelado, sujismundo olhando pro Lucas através da porta de vidro do restaurante.
E Lucas gritava, gesticulava, pronunciava todas as palavras conhecidas praquele estranho que o observava. E, por sua vez, o mendigo, jogava beijos e dava tchau pro nosso filho. Meu esposo já estava impaciente com aquilo. Como ousa um mendigo xexelento daqueles ficar incomodando o Luquinhas numa data tão importante pra nós?! E assim passou-se uma hora. Todos já haviam notado a presença desagradável daquele homem. E mesmo estando distante o suficiente pra não sentir o cheiro dele, eu tinha certeza absoluta que ele estava fedendo! Chegando ao fim do jantar, meu esposo pagou a conta e dirigiu-se para o carro. Eu fiquei ali, com o Lucas no colo, esperando o garçom trazer o pirulito que ele havia prometido pro meu filho. Mas o Lucas só olhava pro mendigo, que, ao invés de se tocar e ir embora, ficava ali, acenando pra ele. Peguei o pirulito, agradeci e rumei para a porta, trancando a respiração o máximo possível para não respirar o mesmo ar que aquele homem asqueroso! Porém, ao passar perto dele, Lucas jogou-se do meu colo nos braços dele! Fiquei atônita, sem reação, enquanto olhava aquele homem tão imundo, acariciando os cabelos louros do meu filho! O Lucas parecia que estava no colo de um conhecido antigo, pois deitara-se nos ombros do homem, enquanto este, de olhos fechados, acariciava-lhe os cachos.
Eu já estava preparada para pedir socorro, quando olhei para os olhos do mendigo, e vi que ele estava chorando! Acariciava meu anjinho com as mãos calejadas, envelhecidas e machucadas pela vida e pelo tempo e chorava. Foi quando ele me entregou meu bebê e me disse: - cuida bem dele, ele é um anjo! Obrigada pelo presente que me deste! E saiu ainda em lágrimas! Eu, também em lágrimas, fui para o carro. Entrei sob o olhar indagativo do meu marido, querendo saber o que estava acontecendo. A única coisa que me veio a cabeça foi a de que ali, naquele momento, eu tinha aprendido uma valiosa lição. O Lucas viu naquele homem, um ser humano, digno de afeto, de atenção. Muito diferente de nós, que víamos apenas um amontoado de roupas sujas. Entendi o que Jesus quis dizer quando mencionou que deveríamos amar a Cristo com os olhos de um menino!