O pai do "monstro"
Foi-se a última pá de barro. O coveiro olhou para Vicente, que agradeceu com um movimento de cabeça. Olhou para aquele monte de barro vermelho e tentou organizar os pensamentos.
Sabia que sua solidão não era compartilhada pelos muitos motivos que levaram o "menino" a ser morto numa batida policial, mas o coração de pai clamava pelo Pedrinho; o seu Pedrinho, o filhinho querido que um dia embalou nos braços.
Sentiu o coração "apertar".
"Onde foi que errei?" pensou.
O que transformou, num curto espaço de tempo, um menino tão amável num mostro temido e detestado por todos na comunidade?
Como foi que uma criança que um dia destes, brincava de carrinhos, passou a matar, roubar e estuprar?
Não tinha as respostas. Nem pra ele, nem pra sociedade.
Olhou em volta como se tentasse fugir da realidade de morte que vivia naquela manhã.
Enquanto alguns comemoravam a morte do "mostro", o pai chorava sozinho a morte do filho.
(A todos que viveram o momento acima descrito, saibam: Deus os vê)