Puxa vida! Quanta alegria estar aqui novamente!
     Acho que o motivo dessa alegria prende-se ao fato que, por aqui passei, talvez, os melhores momentos de minha vida.
     Morávamos ao final desta quadra. A rua bifurcava-se em outras duas, mas fornecia-nos um amplo espaço. Era como fosse o espaço de duas ruas ao mesmo tempo. Era um belo espaço para brincadeiras.
     Vejam. Não é um verdadeiro campo de futebol? Ou uma quadra de vôlei?
     Por quantas vezes, uma simples corda amarrada naquele poste, improvisava uma rede e ficávamos horas e horas jogando voleibol onde, com tantas mudanças dos jogadores, pois nossas mães não se cansavam em chamar-nos para isto ou aquilo, que não mais sabíamos qual era o time vencedor. Aliás, sabíamos sim. Era sempre aquele que estávamos jogando.
     Ah! E, as brincadeiras de pega-pega, mãe da rua entre tantas. Hoje já não é mais a mesma coisa. As crianças ainda correm por lá... mas, cadê o encanto?
     Na certa não tem mais.
     Lembro-me certa vez que minha irmã mais velha encontrou um filhote de cachorro.
     Mais que depressa, com ele em seus braços, adentrou a nossa casa (vejam, é aquela com o portão branco, ali em frente) gritando:
 
__ Mamãe! Mamãe!
__ Posso ficar com ele?
 
     Minha mãe, ao fogão, conversava com umas amigas. O cheiro de café inundava toda a cozinha. Como traz boas recordações esse cheiro de um café passado na hora.
     Ali, prostrada com o cachorro nas mãos, o olhar angustiado como pedindo clemência, deixando minha mãe sem outra alternativa (afinal estava rodeada por suas amigas também ávidas pela sua resposta), recebeu a permissão positiva para que ela ficasse com o cachorrinho.
     Na realidade era uma cachorrinha, que somente depois de 17 longos anos veio a falecer, tendo antes, deixado um sem número de descentes caninos espalhados por este mundo afora.
     Nessa época, minha mãe e meu pai trabalhavam fora e, por muitas vezes eu ficava sob a responsabilidade de minha irmã mais velha. Quantas brincadeiras... quantas emoções...
     Por falar em emoção, certa vez fomos almoçar em um restaurante aqui perto. Ali embaixo.
     Esse restaurante não mais existe. Eu gostava muito de ir lá. Não sei se era por causa da boa comida ou das balas que eu ganhava após o pagamento da conta que o dono sempre nos ofertava.
     Certa vez, enquanto saíamos, eu, meu pai, minha mãe, minha irmã e meu irmão, já com a bala na boca, sei lá porque cargas d’água, engoli a tal bala.
     Gente.... Perdi o fôlego.
     Não conseguia mais respirar.
     Meu pai, mais que depressa, segurou-me pelos pés, tentando fazer com que a bala caísse. Não dando resultado, enfiou com toda sua força seu dedo em minha garganta, que até saiu sangue.
     Foi a conta para provocar ânsia de vômito, e, plaft!!!! A gloriosa, deliciosa, magistral e esperada bala caiu ao chão!
     Que alívio... não só meu. De todos.        Minha mãe já estava aos prantos vendo a sua filhinha toda roxa pela falta do ar.
     Mesmo assim, minha gulodice por balas não acabou por aí não. Meu pai tinha apenas o cuidado de quebrá-las em fragmentos e eu, me deliciava com elas.
     Que gosto doce de infância.
     Que gosto doce de saudade.
     Que gosto doce dos carinhos que recebia.
     Toda vez que penso nessa história, vem o gosto doce da bala.
     Não estão sentindo?
     Fechem os olhos..... passem a língua por toda a boca.
     Hummmmmmmmm!
     Docinho, não é?
     Gostoso, não é?
     Isso se chama: gosto de coisa boa.
     Ah! Eu não falei isso ainda. Mas por ser tão bom é que esse gosto chama-se doce. Doce de coisa boa. Doce, doce. Bom, não é?
     Não sei se é verdade que chama doce porque é bom, ou... por ser bom, chama-se doce... Sei lá! Não precisa mais explicação.
     O que eu sei é que doce é doce e.... pronto!
 
 
Entrou por uma porta,
saiu pela outra.
Quem quiser, que conte outra!
 
 



   (Imagem Google)
   

Oswaldo Genofre
Enviado por Oswaldo Genofre em 24/04/2011
Código do texto: T2927984
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