Acidente de Percurso
Acidente de Percurso
Rogério era um rapaz inteligente, moreno, a pele cor de jambo, queimada do sol de suas ultimas férias em São Vicente, alto, corpo atlético gostava de malhar, estava na academia já há um ano e meio o período mais longo que conseguiu se dedicar a musculação, satisfeito com os resultados, viu que seus músculos estavam mais definidos, não era mais aquele moço magrelo e sem formas. Pode-se dizer que sua autoestima melhorou muito, principalmente porque agora sentia-se mais atraente, imaginava que as mulheres o assediava mais, não sabia se pela sua condição de separado ou se de fato estava mais bonito, o que o tornava um tanto quanto convencido. Ele gozava com satisfação o momento em que estava vivendo, depois de tudo que passou em um casamento turbulento e frustrado de dezoito anos.
Pai de duas lindas garotas Loraine e Priscila, a primeira de 19 e a segunda caçula de 14 anos, meninas de ouro, eram a razão de sua existência. Com a separação Loraine foi morar com Rogério em uma casinha alugada de três cômodos, sendo dois quartos e uma cozinha. Priscila ficou com a mãe na casa da família. Enquanto Loraine era extrovertida, alegre, expansiva, fazia e descartava amigos com facilidade, autentica, não buscava aprovação dos outros, era o que era. Priscila se demonstrava mais recatada, também alegre, entretanto menos extrovertida, embora muito bonita, fazer amigos lhe era uma tarefa dificil, no entanto os que conquistou considerava como irmãos, fazia de tudo para ser aceita pelo grupo, condição que se mostraria danosa no percurso de sua vida.
Tudo corria bem, os planos de Rogério se concretizavam dia-a-dia, passou para o oitavo semestre da faculdade de licenciatura em enfermagem, profissão que ele amava de paixão, adorava tanto a docência quanto a assistência aos pacientes, de maneira que estava feliz. No campo sentimental já superara a dor da separação, não se interessava por outro relacionamento sério, assim suas “ficadas” o satisfazia. Mudou de casa a pouco tempo e estava envolvido com a expansão e reforma da nova moradia. Sua filha mais velha se casaria no próximo mês, fato que o deixava num misto de sentimentos, quem o conhece sabe que ele era até certo ponto contra aquele casamento, pois desejava que Loraine terminasse os estudos, entretanto se considerava realizado em tê-la encaminhado nos bons caminhos até o presente momento certo de que fora feito o necessário para que se tornasse uma boa pessoa. Neste ponto sim, estava realizado. A qualquer um que perguntasse poderia se dizer que tudo realmente estava indo conforme o planejado, entretanto uma notícia viria abalar o seu mundo.
No dia dois de maio, poucos dias antes do casamento de Loraine, chega a notícia bombástica. Rogério foi intimado a comparecer na delegacia de menores, onde sua filha Priscila, juntamente com mais cinco meninas estavam detidas, acusadas de serem autoras de um atentado contra outra adolescente, que fora espancada quase até a morte e se encontrava em risco na CTI do Hospital das Clinicas. Aquelas meninas eram as amigas íntimas de Priscila, quase irmãs, que não se desgrudavam nunca e sempre faziam tudo juntas. A ex- mulher de Rogério não se conformava, pois nunca imaginou que aquelas meninas aparentemente tão dóceis, de famílias bem estabelecidas na sociedade, fossem capaz de um ato monstruoso. De qualquer forma as garotas ficariam reclusas até que o caso fosse apurado.
Antes de serem levadas para a Casa de recuperação de menores infratores, Rogério conseguiu ter uma última conversa com Priscila, que jurou de pés juntos serem inocentes. Pois haviam acabado de chegar ao local do atentado quando varias garotas saíram correndo deixando o corpo da adolescente inerte no chão e que alguém passando, imaginou-as como autoras do crime. Que situação, Rogério prometeu que não daria descanso aos seus olhos enquanto não estivesse devidamente esclarecido. Despediu de sua pequena, envolvendo-a em um abraço apertado, enquanto lagrimas corriam dos seus olhos. Agora pairava um conflito em seu interior, mas ele precisava ser forte e cumprir o que prometeu. (Continua)
By: Passáro Ferido