O chafariz - parte final

Ela nem se considerava uma idosa, na acepção da palavra, mas em termos de idade biologica, sem dúvida, contava anos de vida.

Gostava daquele imenso chafariz, que às vezes, ficava deligado,naquele momento, que ela mais meditava, em sua trajetória de vida, lembrava dos dias quentes, e frios, de todos aqueles anos, que vivia, da falta que o marido fazia há três anos, e o quanto poderia ainda viver...

Lembrava dos filhos quando pequenos, tão travessos, e na adolescência a rebeldia, que em cada um eclodiu de um modo, o Maurício vivia no rock, e a Patrícia, na militância do partido (tentando consertar o seu pobre país)

Os dois formaram-se, ele em Letras-Inglês, e ela em jornalismo.

Os dois tiveram casamentos, mais de um, e como herança, deles, surgiram os netos mais queridinhos do mundo: Carolina, do Maurício, do segundo casamento, e Bernardo, da Patrícia, do primeiro casamento.

Bernardo, tem treze anos, gosta de estudar, e já avisou a mãe, e a mim, vou ser um político do bem, quem sabe consigo vovò.

E Carolina, adora ir comigo, a Instituição de deficientes mentais, ela tem dezenove anos, porém, não curte este tempo, assim ela diz, eu gostaria de ter nascido na década de quarenta, cinquenta, o mundo era melhor, a música também, e as pessoas se respeitavam.

O chafariz me faz lembrar de tudo, desde a minha infância na

Tijuca, até os dias mais lindos de minha juventude, os namoros, os bailes, a escola...e o quanto a água desperta paz...em espiritos mais evoluídos, só fico zangada, quando vejo, um qualquer humano, atravendo-se a depredar o meu chafariz. Aí gostaria de fazer como Pedro Bruno fazia em Paquetá, quando lá viveu, bater com a bengala nos vândalos que tentavam destruir os monumentos e acervos vivos do local....mas me falta este adereço de "Velho", e aqui sentada, eu vadio no passado, no presente e no futuro, em frente ao meu querido chafariz...

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 21/04/2011
Código do texto: T2922386
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