ALUNOS SEM LIMITE

Numa escola pública em Vitória, ES, a turma do sexto ano recebeu a professora de Português com indiferença.

-Bom dia! Este ano será muito melhor. Não quero desordem na sala.

-Ih, cara, o negócio tá feio pro nosso lado!

-Que nada, bicho! A gente bota os professores numa sala e taca fogo neles!

Na segunda aula.

-Bom dia, meus jovens! Eu me chamo Fábio e sou professor de Matemática.

Quero disciplina, para passar a matéria e vocês aprenderem.

-Sem essa, prô! Ninguém aqui tá a fim de aprender nada!

No meio da terceira aula, a professora de Inglês, apavorada, chamou a diretora para conversar com os alunos.

-Bom dia, crianças! Sejam bem vindos, mas com muita disciplina!

Professora, por favor, aponte-me os bagunceiros.

-É aquele, aquela, os de trás, este, esse e essas.

-Muito bem! Amanhã, vocês só entrarão no colégio companhados por seus pais ou responsáveis.

-Eu hein!! Nós vamos pagar mico!

-Vão e esta órdem valerá por quinze dias.

No dia seguinte, os pais e avós chegaram indignados com seus filhos e netos.

-Professora Rosângela, eu não acredito que pari esta criatura! Onde foi que eu errei?

-Mãe, educação vem do berço.

-Não. Educação é agora. Toma, seu moleque, para você aprender a se comportar!

-Ai, ai, ai, mãe!!

-Pelo amor de Deus, pai! Você nunca me bateu assim!!

Do outro lado da sala.

-Isto é para você respeitar os professores!

-Para, mãe! Minha orelha está doendo!

-Chega, vovó! Nossa, que vergonha!

Foram puxões de orelhas, de cabelos, palmadas e cocorotes para valerem mesmo.

Duas semanas depois, com pais e avós corrigindo os adolescentes sem limites, eles foram dispensados e puderam ficar em suas casas e nos seus trabalhos.