A breve história de Antônio

Antônio era um rapaz de muitos anos e poucos amigos,25 e 4 para ser mais específico, ele não era daquelas pessoas muito preocupadas com a aparência,a vaidade para ele era tão importante quanto o dia de amanhã.

Peso:112 Kg,Altura:1,70,cabelos longos e maltratados,barba embaraçada e grande para a sua idade.

Antônio morava de favores com seu colega de faculdade,estava desempregado há dois anos e havia trancado o curso de filosofia há um ano .Ele vivia pelos cantos com cara de quem comeu e não gostou,mas pelo seu tamanho o sabor não era muito importante,qualquer tipo de porcaria virava refeição em suas mãos.

Nosso amigo viva sendo cobrado pelo seu colega de muquifo, e o último ser que ainda lhe depositava alguma esperança.

-Reage cara,acorda pra vida , tu acha que não consegue mais tu consegue ,tente pelo menos. Essas frases clichês lhes eram jogadas na cara quase todo dia,mas não lhe surtiam efeito nenhum, pelo menos não parecia.

Em uma manhã de sábado ensolarado Antônio estava enfurnado dentro do muquifo morfado,vendo aquela merda de TV,foi quando teve um espasmo mental daqueles inexplicáveis ou de explicações pouco conhecidas,do nada Antônio correu para frente do espelho embaçado do banheiro,pegou um marca texto que estava jogado no chão úmido e esboçou três círculos imperfeitos no espelho. Ali ele ficou uns dez minutos, estático, em silêncio,se olhando e aos círculos,até que sua boca pronuncia a seguinte frase.

-Depois de amanhã eu começo.

Passeou com suas mãos pelo rosto e continuou...

-Vou cortar o cabelo,fazer a barba,começar uma dieta e procurar emprego.

Pronto!Depois de seu monólogo ele voltou para o sofá podre e continuou o seu sábado como muitos outros anteriores.

Na manhã de domingo às 7:35 lá estava ele novamente enfrente do espelho e repetindo as mesmas palavras.

-Amanhã vou cortar o cabelo,fazer a barba,começar uma dieta e procurar emprego.

Igual ao dia anterior houve o retrocesso,voltou para a cama dura e com a janela fechada barrando a entrada de qualquer raio de sol que tentava entrar ,e desbravou as porcarias dominicais na TV.

Na madrugada de domingo para segunda feira às 3:37 o prédio velho e úmido quase tremeu com com um grito que acordoou a todos.

-SOCOOOROOOOOOOO!!!!

Esse apelo foi repetido pela mesma pessoa umas três ou quatro vezes em tonalidades diferentes em menos de 15 segundos. Foi o bastante para que todos os outros hóspedes estudantes ou não abarrotassem o muquifo de onde veio o grito e onde Antônio passara quase 90% da sua vida.

A cena assistida por todos gerou impacto e curiosidade mais outro do que um. Antônio estava estirado no chão frio e úmido.

-Ataque fulminante do coração,infarto sem chance.

-Ele tá morto.

Foi o que disse um estudante de medicina do quarto ano, porém um diagnóstico confiável.

Antônio morreu cabeludo,barbado,gordo e desempregado.