VAMOS PENSAR UM POUCO?

Há coisas na vida que acontecem e nos deixam no chão. O que vou dizer não é nem um pouco raro, e sim muito absurdo é a realidade escondida dentro de muitos lares.

Ela, hoje já de idade avançada, com uma bagagem imensa de uma vida nada fácil. De tempos difíceis onde lutava para sustentar os filhos com humildade. De um tempo no qual ela foi jovem e saudável e talvez feliz.

Depois de tantos anos de luta, ainda muito jovem, sofreu um AVC (acidente vascular cerebral), no qual resultou em uma paralisia no seu lado direito e complicações na fala. Ainda que um ser humano não se movimente, mas possa comunicar-se, significa que nem tudo está perdido. A linguagem é fundamental e essencial, assim quando a revolta chega pode-se desabafar. A situação desta pessoa me deixou triste, revoltada e me fez pensar muito na vida.

O quarto pequeno, com uma caminha de solteiro, uma janela que quase não entrava ar algum e o restante da casa toda fechada deixavam o ambiente mal iluminado. Ainda assim, era possível ver bem seu rosto pálido, de quem nunca tomava sol. Tudo isto era triste, como alguém que fazia de tudo, andava e falava normalmente pode ter ficado assim? Mas o pior ainda estava por vir, apesar de estar nesta situação crítica, se houvesse alguém para ficar com ela, tudo seria mas fácil e melhor para a pobre mulher que não conseguia dizer se tinha cede ou fome.

Mas havia alguém na casa com ela. Seu filho de mais ou menos 38 anos, que dizia tomar conta da mãe, tudo estaria bem se o filho não tivesse a mentalidade de uma criança. Sim, o filho com problemas mentais era responsável pela mulher, que passava o dia dentro de casa, praticamente sozinha. Ele ficava fora de casa e não se preocupava em ver se a mãe estava precisando de alguma coisa. Desta forma muita coisa acontecia com a senhora, passava fome, cede e caía quando tentava se levantar. Jamais culparia o filho que, ainda com problemas, de certa forma cuidava de sua mãe.

Pois os outros filhos saudáveis tinham suas vidas ocupadas de mais para a mulher que um dia sofreu tanto por eles.

ESCRITO POR MIRIAM SILVÉRIO.