A LATINHA !
Meus leitores , os fatos que passo a narrar aconteceram na cidade de Resende,
localizada no sul do Rio de Janeiro, na região do Vale do Paraíba. Tenho muito carinho por Resende, pois foi lá que fui concebido, embora tenha nascido em São José dos Campos.
Foi num domingo, 05 de agosto de 2007. Eu, minha esposa, meu filho mais novo e sua namorada fomos passar o dia na casa de meus primos.
Uma clássica reunião familiar. Esposas, maridos, filhos, sobrinhos, netos. Enfim todos os componentes familiares se fizeram presentes.
Os momentos que precederam o almoço foram de muitas brincadeiras, risadas, piadas e regados com muita cerveja.
Assim transcorria aquele domingo, alegre e barulhento. Almoçamos e após o almoço nos reunimos na sala e continuamos as conversas. Em dado momento a minha prima Geni falou:
-Pessoal tenho uma surpresa para vocês.
Retirou-se para o interior da casa, retornando em seguida com uma lata nas mãos. Uma lata muito colorida. Na tampa da lata havia a estampa de uma jovem loira percorrendo um trigal, carregando uma singela cestinha cheia de biscoitos. Em seus longos cabelos uma rosa branca adornava aquele rosto angelical. Ao redor da tampa estava escrito em letras góticas “Fine biscuits from Netherland” .
Geni senta-se no sofá com as mãos sobre a tampa e inicia:
-Queridos!
-Aqui dentro estão guardados as belezas e os mistérios da vida.
-Quando destampar essa lata o velho ficará novo e o novo ficará velho.
-Vultos até agora separados pelo tempo e pelo espaço se encontrarão
-Personagens resurgirão do passado e contemplarão sua obra realizada.
Eu olhava os presentes. O momento era de suspense e total silêncio. Os olhinhos das crianças brilhavam e não escondiam a ansiedade da revelação de tanto mistério.
Geni com a voz baixa e calma, continuava:
-Quando destampar essa lata vocês receberão um passaporte que lhes permitirá uma viagem no tempo.
-Muitos de vocês haverão de se verem no aconchego do ventre de suas mães.
-Muitos de vocês haverão de recordar os sonhos que pelos caminhos da vida ficaram.
A expectativa era geral, ninguém suportava mais tanto suspense.
Sim. Era uma latinha, cheia de fotos antigas. A maioria em preto e branco. De tamanhos variados. Muitas delas com a borda serrilhada que davam bem a noção de quão antigas eram. No verso de quase todas elas estava escrito o fato que a originou e a data da ocorrência. Algumas, ainda, continham carinhosas dedicatórias.
Terminamos aquela tarde de domingo nos deliciando com aquelas fotos.
-Muito obrigado Geni por nos ter guardado com tanta dedicação.
-Cuida bem de todos nós que estamos ai dentro da sua latinha. Você é detentora de uma relíquia.
Silvinho, jovem e promissor escritor,filho da minha outra prima, Claudia, teve a idéia de fazer um up grade da latinha e assim criamos um álbum eletrônico:
“ A latinha da Geni”
É muito bom, cinqüenta e três anos depois, estar on line na internet com cinco anos de idade.