Atropelamento em frente ao cemitério São João Batista
7,00h. da manhã. Sai apressado para pegar o bonde que o levaria para o Colégio. Morava em Botafogo e estudava em Copacabana. Estava com 15 para 16 anos.
Em quinze minutos, em cima da hora, estaria entrando no Colégio, para a primeira aula. E ia contente. Era uma aula de ginástica e o professor a transformava numa disputadíssima partida de vôlei. Estatura mediana, gabava-se de ser o melhor levantador da classe.
Quando chegou no ponto de parada do bonde, na esquina das ruas General Polidoro e Real Grandeza, bem perto do túnel velho, no Rio de Janeiro , o bonde já vinha fazendo a curva e o rapaz lançou-se para pegar o bonde pulando no seu estribo.
O inesperado acontece! Em louca disparada, um caminhão de feira , cortando todo mundo, pega o rapaz, na contramão , lançando-o a vários metros de distância. Por pura sorte, o paralama esquerdo do caminhão, atirou o moço para a calçada, que foi rolando, para só parar na porta de um Bar.
O caminhão chispou fora e sumiu na poeira, nenhuma freada aconteceu. O bonde continuou o seu caminho.
A cena foi tão impressionante, que o dono do Bar, um português, num belíssimo sotaque lusitano, gritou para o rapaz: “ô garoto, você nasceu de novo!” Nessa altura, o garoto se levantava, branco como uma cera e completamente mudo, com os olhos saltando das órbitas. Pediu um copo d’água e não acreditava que estava vivo.
Um motorista de táxi ofereceu-se para levá-lo até a sua casa.
O rapazinho explica o que aconteceu à sua mãe, que o leva imediatamente para o hospital. Poderia haver algum osso quebrado, ou, mais grave, uma hemorragia interna.
Felizmente, nada aconteceu, a não ser um calção todo rasgado, que estava por dentro da calça, pois naquele dia haveria a tal aula de ginástica, com o professor Newton Anet, mais tarde técnico de futebol do antigo Canto do Rio. Os tênis, que saíram dos pés, também ficaram imprestáveis.
Quinze dias de molho em casa, com o corpo todo moído, parecia que tinha entrado numa máquina de moer carne.
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Exatamente um ano depois, o atropelado é chamado na Delegacia do bairro de Botafogo, na rua Bambina.
- Meu rapaz, você foi chamado aqui porque encontramos o motorista que atropelou você há um ano.
- O quê? Eu nem me queixei sobre o fato
- Pois é, mas a polícia investigou. Populares deram algumas pistas e disseram que não sabem como você não morreu. Mas queremos saber se você quer representar contra o motorista, para poder prosseguir o inquérito.
- Não senhor, de maneira alguma. Deixa o homem em paz. Isso acontece! Além do mais, estou vivo. É o que me interessa.
- Tem certeza, menino? Olha, nós vamos arquivar a nossa sindicância.
- Pode arquivar. Felicidades pro senhor, pra toda a equipe aí e pro motorista também! Até logo!
Deixou a Delegacia feliz da vida e este acontecimento marcante saiu completamente da sua cabeça, retornando somente hoje, com 54 anos de atraso, não se sabe por que cargas d’água.
Talvez, a necessidade de contar uma estória.
7,00h. da manhã. Sai apressado para pegar o bonde que o levaria para o Colégio. Morava em Botafogo e estudava em Copacabana. Estava com 15 para 16 anos.
Em quinze minutos, em cima da hora, estaria entrando no Colégio, para a primeira aula. E ia contente. Era uma aula de ginástica e o professor a transformava numa disputadíssima partida de vôlei. Estatura mediana, gabava-se de ser o melhor levantador da classe.
Quando chegou no ponto de parada do bonde, na esquina das ruas General Polidoro e Real Grandeza, bem perto do túnel velho, no Rio de Janeiro , o bonde já vinha fazendo a curva e o rapaz lançou-se para pegar o bonde pulando no seu estribo.
O inesperado acontece! Em louca disparada, um caminhão de feira , cortando todo mundo, pega o rapaz, na contramão , lançando-o a vários metros de distância. Por pura sorte, o paralama esquerdo do caminhão, atirou o moço para a calçada, que foi rolando, para só parar na porta de um Bar.
O caminhão chispou fora e sumiu na poeira, nenhuma freada aconteceu. O bonde continuou o seu caminho.
A cena foi tão impressionante, que o dono do Bar, um português, num belíssimo sotaque lusitano, gritou para o rapaz: “ô garoto, você nasceu de novo!” Nessa altura, o garoto se levantava, branco como uma cera e completamente mudo, com os olhos saltando das órbitas. Pediu um copo d’água e não acreditava que estava vivo.
Um motorista de táxi ofereceu-se para levá-lo até a sua casa.
O rapazinho explica o que aconteceu à sua mãe, que o leva imediatamente para o hospital. Poderia haver algum osso quebrado, ou, mais grave, uma hemorragia interna.
Felizmente, nada aconteceu, a não ser um calção todo rasgado, que estava por dentro da calça, pois naquele dia haveria a tal aula de ginástica, com o professor Newton Anet, mais tarde técnico de futebol do antigo Canto do Rio. Os tênis, que saíram dos pés, também ficaram imprestáveis.
Quinze dias de molho em casa, com o corpo todo moído, parecia que tinha entrado numa máquina de moer carne.
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Exatamente um ano depois, o atropelado é chamado na Delegacia do bairro de Botafogo, na rua Bambina.
- Meu rapaz, você foi chamado aqui porque encontramos o motorista que atropelou você há um ano.
- O quê? Eu nem me queixei sobre o fato
- Pois é, mas a polícia investigou. Populares deram algumas pistas e disseram que não sabem como você não morreu. Mas queremos saber se você quer representar contra o motorista, para poder prosseguir o inquérito.
- Não senhor, de maneira alguma. Deixa o homem em paz. Isso acontece! Além do mais, estou vivo. É o que me interessa.
- Tem certeza, menino? Olha, nós vamos arquivar a nossa sindicância.
- Pode arquivar. Felicidades pro senhor, pra toda a equipe aí e pro motorista também! Até logo!
Deixou a Delegacia feliz da vida e este acontecimento marcante saiu completamente da sua cabeça, retornando somente hoje, com 54 anos de atraso, não se sabe por que cargas d’água.
Talvez, a necessidade de contar uma estória.