O CASAMENTO

O final de semana anunciava-se como dos mais movimentado e divertido. Na sexta, jantar romântico promovido pela associação da empresa onde trabalhava, no restaurante das dependências do Clube Internacional. No sábado, o casamento da filha do dentista da família, cuja recepção também seria no Internacional. Prenúncio de grande festa. Afinal, o noivo era filho de um riquíssimo industrial. Decidiram que iriam ao casamento e que levariam duas de suas três filhas. Não poderia deixar de ir. Seria uma desfeita com o Dr. Emanuel, que gentilmente havia convidado.

O jantar foi ótimo. O aborrecimento foi apenas o grande engarrafamento em frente ao Clube Internacional, por conta de uma festa que rolava nas dependências do clube.

No sábado os preparativos para o casamento: cabeleireiro, manicura, o vestido, o terno. E as meninas? Deveriam estar impecáveis. E lá se foram, já com algum atraso. Presente bem embrulhado. Cartão de votos de felicidade. Tudo perfeito. Ao se aproximarem da igreja, perceberam que havia pouca movimentação e muitas vagas para estacionar o carro. Entraram na igreja com a cerimônia já em andamento. Logo se aproximou um jovem:

- Por aqui Doutor. Senta aqui. Desocupando parte de um banco.

Sentaram-se. Olhou para a esposa meio desconfiado. As pessoas eram humildes. Trajadas de forma humilde. A decoração era simples. Mas, um casamento rolava. Sentiu-se desconfortado.

- Meu bem, acho que estamos no casamento errado. Vou lá fora pra ver se descubro alguma coisa.

Já fora da igreja, dirigiu-se ao “flanelinha”.

- Olha, o casamento da filha de Dr. Emanuel não é aqui, nessa igreja?.

- Sim, Doutor, foi ontem. Uma festona. Tinha tanto do carro que não cabia nas ruas. Faturei uma nota.

Meio sem jeito entrou na igreja e comunicou o fato a esposa. Resolveram sair de mansinho. Não tinha sentido continuar ali. Já no carro, indagou:

- querida confere no convite o dia do casamento.

Lá estava. A data era realmente na sexta-feira.

- Por isso aquele movimento todo em frente ao Clube Internacional. Era a recepção do casamento.

Para não perder a noite nem os paramentos, decidiram jantar em um restaurante, não sem antes dar boas gargalhadas com a gafe cometida, para afastar a frustração que já ameaçava se instalar. E as meninas? Não gostaram nada.