a ligação da madrugada.

Eram aproximadamente cinco da manhã quando às escuras cambaleando, foi ao encontro do telefone que tocava sem parar. Após algumas frustrantes tentativas, finalmente alcançou o gancho, do outro lado da linha uma voz um tanto quanto impaciente:

- Finalmente, já deve ser a décima vez que ligo, e nada.

(Tentando abrir os olhos ainda serrados pelo sono.)

- Já viu às horas?

- Eu sei, me desculpa. Mas eu não to bem, Carlos.

(Ajeitando-se ao sofá.)

- Que houve, Carol?

- Essas malditas pílulas que não me deixam dormir. E amanhã é a estréia da peça, né.

- Já te avisei, para de usar essas drogas. Ah sempre bate o friozinho na barriga antecipado né? Adoro.

- Eu sei, mas elas são as únicas coisas que têm me permitido sobreviver diante de todo esse caos. Já bateu frio, calor, um verdadeiro aquecimento global aqui.

- Para com isso Carol, você me assusta quando diz essas coisas.

- Eu já não me assusto faz tempo, com nada.

(Aos bocejos.)

- Faz um leite quente, ajuda. Mas sem açúcar, açúcar é outro veneno que você deve cortar da sua lista de autodestruição.

- Parei com açúcares, voltei pra dieta, e parei com carboidratos excessivos.

- Ai, as mulheres e suas eternas dietas.

- Claro, quero ver se eu estivesse beirando meus 80 kilos, se os homens iam continuar me querendo.

- Eu não posso dizer nada, você sabe da minha preferência pelas mais “saudáveis”.

- Se sei. Aliás, te dou um doce se adivinhar quem estava no bar ontem às tortas e direitas.

- Um doce é? Faço questão então de acertar. Vejamos, Paula?

- E, vou ter que tomá-lo sozinha, pelo visto. (risos de ambas as partes.)

- Você não presta, garota. E afinal, quem que você encontrou?

- Sua deusa, Carla.

- Mentira, e você nem pra me ligar né sua vadia?

- Se eu tivesse condições de pegar o telefone e ligar pra alguém, pode apostar que não seria para você.

(E cai aos risos.)

- Pelo visto a senhorita já está melhor, vou desligando o telefone e voltando ao meu sonho, que estava bem mais interessante que esta conversa.

- E estresso cedo. E que história é essa de: - “sonho mais interessante.” Seu Carlos, posso saber?

- Censurado para menores de 25 meu bem, sorry.

- Ui, fiquei até com medo agora, melhor não saber mesmo.

- Então, posso voltar pra ele?

- Pode, seu chato.

- Merda amanhã heim. Quero te ver arrasando naquele palco.

- Se eu não sair correndo ao ver aquela multidão toda.

- Ta aí uma palavra que nunca existiu no seu dicionário: vergonha.

- Pode retornar ao seu belo sonho, bela adormecida. (Cai aos risos.)

- Até a estréia.

(.)

Moral da história? Todos nós temos medos. Depressões. Vergonhas. Senso de humor. Amor. Insônias. Sonhos. Vaidades.

Todos nós temos nossos belos dias e péssimos dias, mas nunca devemos deixar de sorrir!

Alessandra Vieira
Enviado por Alessandra Vieira em 25/03/2011
Reeditado em 25/03/2011
Código do texto: T2870355