Capítulo 13 = A ABOLIÇÃO
 
Embora esperada a notícia causou um impacto. a Princesa Isabel acabava de assinar a Lei Aurea e os escravos estavam livres.
Patrimônio desfalcado, os fazendeiros foram obrigados a contratar urgentemente trabalhadores para os trabalhos do campo que não podiam parar.
Esses trabalhadore eram os ´próprios negros que precisavam trabalhar para viver. Alguns continuaram nas próprias fazendas e pouco mudou nas suas vidas, outros preferiram empregar-se em outro lugar, sentir o sabor da liberdade. Com isso muitos ficaram desempregados, passando necessidades e acabaram morrendo à míngua ou se tornando ladrões e assassinos.
Toda mudança requer um período de adaptação e seria ingenuidade acreditar que com uma simples pincelada a Princesa resolveria de repente todo o problema dos negros. Mais de um século se passou e ainda temos dificuldade em aceitá-lo na nossa sociedade.
Mas, de qualquer forma aquele foi um dia festivo para os negros.
O Coronel Mesquita reuniu seus escravos, contou-lhes a novidade e disse que aqueles que quisessem continuar com ele podiam ficar que ele os empregaria e os que quisessem ir embora podiam ir.
Aconselhou-os a não sair precipitadamente sem ter arranjado para onde ir. Procurou fazê-los compreender que se por um lado ganharam a liberdade por outro assumiram a responsabilidade de sustentar suas família já que não tinham mais quem os sustentasse.
Liberou o terreiro para que eles fizessem sua comemoração e até ofereceu um gole de cachaça servida pelo Buscapé.
 ▬ Só um gole pra cada um que eu não quero nego bêbedo por aqui.
O Buscapé foi rigoroso: Só um gole pra cada um como mandou o Sinhô, mas ele mesmo tomou vários goles e ficou mais alegre e barulhento do que de costume.
Da casa grande para o terreiro corria, dançava e gritava espalhafatosamente.
O Coronel e a esposa ficaram sentados no alprende vendo de longe a festa dos negros, relembrando tudo que se passara desde o dia que chegaram ao Brasil e o quanto deviam àqueles trabalhadores humildes comprados e vendidos como uma mercadoria qualquer..
Brincou  com o Buscapé:
▬ Por que está tão entusiasmado? Por acaso está pensando em ir embora?
Não! Mas eu vou ficar porque gosto do Sinhô da Sinhá e dos meninos e não porque sou escravo deles.
Humm! O Buscapé virou filósofo!
Depois de tantos goles qualquer um vira filósofo!
▬ Por falar nisso, agora chega. Guarde esse garrafão antes que caia de bêbedo.
Para Buscapé a abolição não mudava nada. Ele era uma espécie de mascote na Fazenda. Não era vagabundo, mas não fazia nada, estava sempre pronto para servir, levar as sinhazinhas de charrete até a cidade, arrear o cavalo pros meninos, engraxar as botas do Coronel, mas nada de agarrar serviço pesado. O Sinhô achava graça nele e as crianças o adoravam pois estava sempre pronto a vigiar os pequenos e pactuar com as travessuras dos maiores.
E até agora, bem velhinho, continuava rodeado pelas crianças muito estimado por todos.
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Não perca o próximo capítulo: O DOUTOR SILVINO
Obrigada pela visita e comentário
 
 
Maith
Enviado por Maith em 25/03/2011
Reeditado em 25/03/2011
Código do texto: T2869657