O Destino de Beatriz
O DESTINO DE BEATRIZ
“Sexta – feira treze.” Não importa o mês. Esse dia para muitas culturas inclusive a brasileira é considerado um dia de... Azar.. .Infortúnio... Má Sorte. Varias teorias procuram explicar esse dia considerado azarento. Nos dias de hoje essa crença ganha mais força como superstição. Mas não é criação só do nosso século. Acredita-se que já existia bem Antes de Cristo. Quando no dia treze de Outubro de 1307 numa sexta feira os cavaleiros templários (Cavaleiros Cristãos) foram acusados de heresia: excomungados e queimados na fogueira por determinação de Felipe IV rei da França devido a influencia que estes tinham na Europa.
A crucificação de Cristo segundo a Igreja Católica aconteceu numa sexta – feira conhecida como”Sexta- Feira da Paixão”.Desde então fez com que muitos acreditasse que a sexta- feira fosse sinônimo de má sorte.
A “Ultima Ceia” composta por treze pessoas , estava também Judas Iscariotes o traidor de Jesus Cristo. O treze passou a ser um numero de azar.
O mês de Agosto associado a grandes tragédias se torna insuportável para muitos quando tem uma sexta-feira treze. Muitos brasileiros tem tanto temor que tomam medidas radicais para se proteger das agruras desse dia considerado de “maldição”.Certas atitudes que tomamos podem ter influencia boas ou más para o resto da nossa vida.
Beatriz..Chegara a esse mundo no mês de agosto numa sexta-feira treze. Na cidadezinha em que nascera não havia hospital. As pessoas daquele lugar deveriam deslocar-se para a cidade vizinha, caso contrario teriam seus filhos pelas mãos de uma “parteira”(mulheres que faziam partos nas casas), situação que fora preferida pela dona Nancy mãe de Beatriz.E assim a menina nasceu em sua própria casa faltando cinco minutos para a meia noite,contrariando a todos que ali estavam.com exceção de sua mãe(obviamente), todo o resto torciam para que o bebe esperasse um pouco mais, pois logo seria sábado quatorze de Agosto. Ficaria livre do julgo daquela data azarada.
Nascera uma criança franzina e ao completar pouco mais de um mês, tivera uma febre de origem desconhecida. Devido a sua fragilidade sua morte era caso certo.”Pobre criança desde que nascera já carregava o estigma da má sorte...Não, ela não vingaria... Diziam as pessoas que a conhecia...Talvez fosse melhor, pois assim não viveria uma vida azarada a qual estava predestinada. Todos ainda lembravam do filho de dona Ilzidinha ...Coitada! Já estava com nove anos não falava nem andava e o coitado vivia com a boca aberta...Babando...Coitado! E olha que “Mateuzinho” nasceu numa “sexta- feira treze” e nem foi no mês de Agosto ...
Pobre Beatriz! Coitada! A mãe alheia a tudo isso levou-a para a cidade vizinha na esperança de salvar a vida da sua primeira filhinha,rebento tão esperado pelo casal Nancy e Paulo. Sentados ao lado do berço da criança que ardia em febre, estavam com o coração dilacerado, receberam a noticia que só um milagre poderia salvar a vida da pequena. Alguém os espreitava através da porta semi aberta do quarto de hospital:
___Senhora peço licença para aproximar-me da vossa criança? A pobre mãe com os olhos marejados consentiu que o estranho adentrasse o quarto, e com eles compartilhasse daquele terrível desfecho .
O estranho olhava para a criança fixamente. La fora a tarde se despedia para dar lugar a noite escura que parecia estar de conluio com a tristeza que se avizinhava.
___Senhora vou orar por vossa filha.Credes! Se deixares a porta semi aberta durante toda a noite farei vigília. Um fio de esperança apareceu naquele semblante triste e sofrido. O estranho continuou:__.Não tenhas receio! Essa criança tem perto de si o anjo da morte que fora atraído por tantos pensamentos de negatividade.
Paulo fez gesto de que ia dizer algo, mas ao olhar para esposa emudeceu. O estranho não esperou comentários, virou-se e saiu do quarto. Um sentimento de paz aquiesceu aqueles corações aflitos que batiam no mesmo compasso.
A primavera já havia iniciado. Um raio de sol atravessou a cortina da janela semi aberta e posou na face de Nancy como um beijo suave... “Acorde...Beatriz vive!” Ela acordou assustada.No berço a menina ressonava com tranqüilidade.Acordou o marido que exausto havia adormecido na cadeira ao lado.A surpresa foi geral! Os médicos não compreendiam o que teria acontecido. Beatriz estava totalmente restabelecida. Na cidadezinha a “prosa” havia mudado O estigma de “azarada” mudou para “abençoada”. A menina recebera um milagre!Diziam todos.
Nancy e Paulo mais tarde quando foram pedir informação sobre o estranho, em todo o hospital ninguém sabia quem ele era.Fizeram uma prece em agradecimento. A mãe feliz com a pequena Beatriz no braço acompanhava o esposo que se encaminhava para a sala onde acertariam as despesas do hospital. Uma senhora que ali se encontrava, ao vê-los entrarem recebeu-os sorridente. Nancy ao olhar para ela lembrou-se com nitidez da fisionomia do estranho que fora em seu quarto.Explicando a semelhança para a senhora,esta lhes mostrara uma foto antiga de seu pai , que foi reconhecido pelo casal imediatamente. Ficaram sabendo que ele era um dos fundadores e medico daquele hospital e havia falecido há alguns anos atrás .Durante o tempo que ali clinicara tratara seus pacientes com ciência e religião, pois fora sempre um homem de muita fé. Havia conseguido grandes curas ainda em vida.
Seria Beatriz uma predestinada a viver no azar? Ou seria uma sortuda? Sexta – feira treze... Verdade ou Mito? Uma coisa é certa: nossas palavras, pensamentos e atitudes tem grande peso sobre nossas vidas e na vida das pessoas que nos cercam. E na duplicidade que rege esse mundo em que vivemos com certeza teremos bons e maus momentos...É o destino de todos nós que vivemos debaixo do sol.
Junia Marques Rezende