O PENTE MARCADO !

Na última apresentação da noite ela cantou uma linda canção de amor e após convidei-a para jantar, ali mesmo, na boate.

Jantamos sem pressa nenhuma, conversamos, rimos,bebemos e saímos. Era uma madrugada de verão, fomos para um hotel no centro da cidade e nos acomodamos num quarto. Ela tirou da bolsa um pente e um frasco de esmalte com o qual pingou uma gota de esmalte no pente e o colocou na cômoda ao lado da cabeceira da cama.

Curioso pergunte a ela porque tinha feito aquilo.

Ela sorriu, meigamente, e respondeu

-Nada não.

Me fez feliz. Perdi-me em suas entranhas, encontrei-me em seus sabores e perfumes. Não a procurei mais Não me lembro mais de seu nome, não me lembro mais...

Quando nos despedimos ela me entregou aquele pente marcado e me beijou suavemente na face, dizendo

-Um dia você saberá

Nunca mais tive notícias dela. Por muito tempo aquele pente marcado acompanhou-me até se perder ou se extinguir como uma vela, pela própria chama, que antes de mergulhar na total escuridão se abriga nas sombras.

Não me lembro mais do rosto daquela mina, não me lembro mais, não me lembro mais...

Hoje não tenho mais o pente mas tenho a resposta por aquele ato

À puta não é concedido o direito ao amor.

Luiz Augusto de Andrade
Enviado por Luiz Augusto de Andrade em 13/03/2011
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