Apenas uma telha francesa resultou esta história...
Caminhando pela Avenida 24 de outubro (Porto Ferreira-SP) no mês de maio de 2006, veio na minha lembrança, que na década dos anos de 1950/1960 gozando férias escolares, tempos esses que estudava no Grupo Escolar Visconde de Itauna, tendo como colega de classe outros o então menino José Carlos Visconti filho do empresário produtor de panetones.
Eu Tangerynus, os manos Rubens, Ademir, o meu tio Brás e tia Deolinda vínhamos para Porto Ferreira visitar a tia Venância que moravam na Avenida 24 de outubro bem próximo do abandonado “viradouro”, dispositivo essencial que servia para manobrar as locomotivas tanto a “Maria Fumaça”, como as locomotivas elétricas, que em seguida engatava aos vagões e seguia viagem, retornando, tendo como ponto de partida a Estação da Luz – SP.
Dito isso, quero dizer que residindo no bairro de Vila Carioca, o meio de viajar para o interior de São Paulo era bem prático, era embarcar no trem suburbano na estação Vemag (Tamanduateí), descer na estação da Luz, embarcar em outro trem de passageiros e quatro horas e meia chegávamos em Porto Ferreira, ouvindo o som emitido pelos vagões passando pelos trilhos. “Café com pão, manteiga não – café com pão, manteiga não...” Bem, isso era a minha impressão!
Falando de telhas francesas, olhei para um velho galpão da Cia. Paulista de Estrada de Ferro totalmente destelhada, segundo informações o referido galpão vai ser reformado e transformado num teatro, aliás, é uma boa idéia, pois aqui não temos nenhum teatro.
Por curiosidade dei uma olhada nas telhas amontoadas e fiquei surpreso, isto porque na telha havia a inscrição com o nome “Antoine Sacoman”, datada em 1889, daí numa associação de pensamentos recordei que existia uma indústria cerâmica, a Cerâmica Sacomã, bem no inicio da Via Anchieta com a Estrada das Lágrimas.
Cerâmica essa que eu conheci, recordo-me também de que a argila era transportada por carroças, argila essa que eram retiradas de uma grande jazida que ficava do outro lado da Via Anchieta já indo para a Rua Américo Samarone. Nesta empresa trabalharam tios/tias e primos e também o meu pai Benedicto Osório de Oliveira, e revendo documentos acabei achando uma folha da carteira profissional, na qual tem o registro de admissão.
O local que a cerâmica extraía a preciosa argila se transformou numa lagoa, e não sei por que lhe deram o nome de: “Lagoa Boca da Onça”, sendo que muitos jovens com intuito de nadar morreram afogados, como eu não sabia nadar escapei de uma provável tragédia.
Segundo a história, a expressão “feita nas coxas” é originária em razão das telhas produzidas no Brasil serem produzidas nas coxas dos escravos, e que não eram telhas de boa qualidade, eram tortas e difícil fixação no madeiramento.
Com a vinda do imigrante italiano Américo Samarone e também os irmãos Antoine, Henry e Ernest de Marselhe (França) isso mudou.
Na época o meio de transporte urbano era usado o famoso bonde aberto, depois o bonde camarão, sendo que a maioria dos motorneiros e cobradores era de origem portuguesa. O tempo passou e como passou, os bonde foram desativados, vieram os ônibus e brevemente a linha do Metrô estará interligando todo o complexo de transporte urbano da capital de São Paulo.