A caminho de casa no conforto do meu carro, paro sobre o sinal vermelho e me deparo com uma realidade que se faz presente em nossa sociedade. Em meio ao por do sol, atravessando a faixa de pedestres, o som dos pneus já gastos de um carrinho feito de madeira já podre e sustentado por duas rodas enferrujadas, abastecido e movido pelos sonhos de um homem que o construiu a base de muito suor e onde nele, carrega um mundo cheio de batalha e que com suas mãos já calejadas e tuas roupas já gastas e sujas, segue teu caminho sonhando ao lado do amigo fiel, um cão que abana o rabo cheio de orgulho ao acompanhar teu velho companheiro de todos os dias e junto a ele, poder compartilhar cada momento e cada alimento achado em meio ao lixo, de onde tira teu próprio sustento e dignidade.
Na rádio, uma pausa para o horário eleitoral, onde muitas promessas serão feitas e eu sei que muitas delas serão apenas palavras jogadas ao vento, se perdendo em meio à brisa, que sopra e arrasta o papel velho e amassado sobre o asfalto e que é acolhido pelo homem num gesto simples, e assim, ele abastece a sua realidade em meio a tanta hipocrisia. Em meio a tanta reflexão, nem pude perceber o sinal já verde, o som das buzinas já irritadas, gritando num som ensurdecedor, me fizeram voltar a si e assim eu tive que seguir em frente. Me pergunto quantos sinais vermelhos terão que ser acesos, ate realmente percebermos a realidade que vive a nossa volta.

(Felipe Milianos)

Imagem via google)


Felipe (Don) Milianos
Enviado por Felipe (Don) Milianos em 10/03/2011
Código do texto: T2839540
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