Branca de sol
Enquanto eu andava nas ruas tumultuadas de São Paulo, dei de cara com uma amiga de longa data.
- Julia é você? A voz era familiar.
Oi Wan, quanto tempo!
Você nem avisou que voltou do Nordeste. Como estão as coisas em Natal ?
Wanessa vestia um casaco de pele, segurava diversas sacolas de grife e estava com um óculos que lhe dava um aspecto de abelha. Enquanto eu conversava, ela o tempo todo batia os pés, como se tivesse com muita pressa.
- Wan, eu não estou morando em Natal. Eu agora moro em João Pessoa. Wanessa tirou o óculos e ficou postada me olhando de uma maneira estranha.
- Nossa Julia, como você está branquela. Nem parece que você veio da terra do sol. "Não tenho nenhum problema quanto a qualquer tipo de cor, pensei".
- Na verdade, por causa do sol ser muito forte, eu evito certos horários por causa do câncer de pele.
Revoltada Wanessa começou a balançar a cabeça como se tivesse ouvido a coisa mais insensata do mundo e logo respondeu:
- Nossa amiga, como você é cafona, antes ter câncer de pele do que ser dessa sua cor.