O ELOGIO
-Alô! Aqui é a Carmem. Estou telefonando pra te dar os parabéns!
-Você leu a minha crônica no jornal?
-Claro, né! Sou uma pessoa esclarecida. Só começo o meu trabalho depois de ler A Tribuna de cabo a rabo. E olha aqui: eu quero o troco, hein!
-T-r-o-c-o?! Que troco?
-Quero um autógrafo seu.
-Comecei a escrever há pouco tempo e não me acho capaz de sair, por aí, dando autógrafos, minha amiga.
-O que é isso, lindinha? Quando as minhas colegas souberem que eu trabalho na casa da sobrinha da cronista... Nossa! Eu só trabalho em casa de artista ou parente de. Sou empregada doméstica, mas não sou qualquer uma não, minha filha. Sou de quinta categoria, sabia?
-De quinta?!
-Por que o espanto? Não posso, não? Tem alguma coisa contra?
-Não, não. Tudo bem. Obrigada pela ligação, Carmem.
-Por nada. Quero que você tenha muito sucesso. Continue escrevendo e boas memórias pra você. Até a próxima crônica. Tchauzinho.