Um Homem Sem Endereço
 



                     Naquele dia passei a ser um homem sem endereço...

                     No dia que ouvi uma voz, uma Direção interna, cá dentro de mim, me dizendo que deveria vender o que tinha dentro de casa e, com a quantia levantada, partir.
 
                     Estava morando num apartamento duma grande cidade de São Paulo, divorciado e só. Trabalhava à noite, e folgava quase dois dias após o turno.
 
                     Não hesitei diante daquele convite sobrenatural, coisa que eu já estava bem acostumado. Comecei, então, a falar do meu intento de viajar, e assim parti para a "liquidação"; vendendo tudo o que tinha.
 
                     Logo, poucos dias depois,  estava pronto para ir à imobiliária, entregar a chave da casa, onde morei por quase três anos, e dar início à misteriosa viagem.
 
                     Estava me sentindo feliz com essa nova situação.
                     Agora, depois de mais de um mês vivendo sozinho, tinha um grande desafio pela frente.
 
                     No mesmo dia depois de entregar as chaves do apartamento segui para a rodoviária, eu e minhas bolsas. Fui para o estado do Rio, para minha cidade natal, onde não morava há mais de três anos. Porém, no transcurso da viagem até lá, eu, que ainda não tinha sido informado para onde deveria viajar, fiquei sabendo, na "parada", que o ônibus normalmente faz, numa grande rodoviária, no meio da viagem, que meu destino seria Natal, a cidade do sol, como é conhecida, uma das mais lindas capitais do nordeste...
 
 
 
                     Chegando lá, na cidade onde nasci e cresci, passei quinze dias, como visitante, entre os meus irmãos, antes de passar dois dias "passeando", de ônibus, até o Rio Grande do Norte... Até que a viagem não foi nada mal. Gostei, foi boa...  Ônibus semi-leito e bem confortável.
 
                     
Durante os dias em que estive entre os irmãos, uma das minhas cunhadas, a mais centrada e sensata de todas, deixou claro que não acreditava que eu faria tal coisa: viajar para tão longe, para um lugar onde não tinha parentes nem conhecidos por perto...
 

                     Naquela tal "parada" do ônibus, quinze dias antes da minha ida para o nordeste, foi quando eu comprei a passagem. Mantive-a bem guardadinha, dentro da minha carteira, e sempre, de vez em quando dava uma olhadinha prá ela.
 
                     Chegou o dia (e que dia tão importante para mim), e eu embarquei para o nordeste, com alguns poucos reais prá gastar, mas convicto de estava fazendo a coisa certa.
 
                     Essa experiência enriqueceu muito a minha  vida.
                     Em muito me acrescentou a compreensão das coisas; as materiais e as espirituais. Muito mais do que conhecimento geográfico, fui convidado, com isso, a me aprofundar no entendimento de Deus e do ser humano.


                     Nessas minhas caminhadas, que duraram cinco anos, conheci o Real e Soberano ponto-de-vista Daquele que "não pode mentir"...
 
                     Aprendemos que “Deus é... socorro bem presente na hora da angústia” porém aprendi, na prática, que Ele é muito mais; Ele é, indescritivelmente, o Cuidado em pessoa; o Amor, no sentido mais lato da palavra, que não se consegue explicar, na sua profundidade e extensão,ainda que se faça uso das melhores oratórias.
 
                    
 
                    Alguém cantou, certa vez:
 
   Se os mares todos fossem tinta e o Céu sem fim fosse papel
     Se as hastes todas fossem penas e os homens todos escrivãs
     Nem mesmo assim o Amor seria descrito em Seu fulgor
     Oh! Maravilha deslumbrante é esse eternal Amor”.
 
 

 

orlandocosta
Enviado por orlandocosta em 06/03/2011
Reeditado em 07/03/2011
Código do texto: T2831176
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.