A LUTA
Num lapso percebi seu ultraje e como um soco dado no queixo ainda tonta a encarei. Luta irreal, golpe baixo, me viu desnuda, frágil e sem esboçar qualquer reação, dominou-me. Não me dei por vencida, reagi, pude sentir seu escárnio, no instante seguinte fechei meus olhos, ignorei-a por um momento, na expectativa do prazer de sua ausência ao reabrir meus olhos. Ludibriei minha consciência.
Nesse instante lembranças infantis povoaram minha mente; quando criança perscrutava minha cama, cobrindo-me com o lençol na esperança da proteção invisível que vinha em forma de luz, e o medo então se esvanecia, em silêncio rezei.
De repente me dei conta novamente de sua presença implacável, era somente eu e ela, o abajur em nada poderia me ajudar naquele momento.
Minhas histórias vividas surgiram mágicas em minha memória distraindo-me, enfim, estava no chão, sem forças com a respiração ofegante, ainda assim a observei. Numa súplica inconsciente, eu implorei. Tarde demais, era o último round.
O mais imperdoável era o seu ar impávido e definitivo ao perceber o meu apelo intangível no limiar do tempo entre a vida e a morte.