A LUTA

Num lapso percebi seu ultraje e como um soco dado no queixo ainda tonta a encarei. Luta irreal, golpe baixo, me viu desnuda, frágil e sem esboçar qualquer reação, dominou-me. Não me dei por vencida, reagi, pude sentir seu escárnio, no instante seguinte fechei meus olhos, ignorei-a por um momento, na expectativa do prazer de sua ausência ao reabrir meus olhos. Ludibriei minha consciência.

Nesse instante lembranças infantis povoaram minha mente; quando criança perscrutava minha cama, cobrindo-me com o lençol na esperança da proteção invisível que vinha em forma de luz, e o medo então se esvanecia, em silêncio rezei.

De repente me dei conta novamente de sua presença implacável, era somente eu e ela, o abajur em nada poderia me ajudar naquele momento.

Minhas histórias vividas surgiram mágicas em minha memória distraindo-me, enfim, estava no chão, sem forças com a respiração ofegante, ainda assim a observei. Numa súplica inconsciente, eu implorei. Tarde demais, era o último round.

O mais imperdoável era o seu ar impávido e definitivo ao perceber o meu apelo intangível no limiar do tempo entre a vida e a morte.

Drica Love Barreto
Enviado por Drica Love Barreto em 02/03/2011
Reeditado em 04/03/2011
Código do texto: T2824188
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