O Beijo
Durante a travessia olhava o mar – tão distante de casa, da segurança, da terra firme. Dos lugares tão conhecidos.
Precipitara os acontecimentos fazendo a viagem, somente pra ter certeza com o que estava lidando. Sabia-se frágil. Sabia também que não suportaria outro tombo na vida, então resolvera ir olhar tudo de perto, antes que o envolvimento fosse maior. No entanto, ali estava, sem o chão, sentindo frio, cansaço, e ainda sem saber se seus atos tinham sido acertados ou não.
O passeio tinha sido calmo. Calmo até certo ponto. Sempre aparecia algum ponto de discórdia. Sempre as questões sobre diferenças. Não via nada de diferente. Não conseguia entender por que as diferenças eram vistas como problemas. Na verdade, sempre se encantara com as diferenças alheias, pois eram formas de aprendizado.
Tudo ia bem até o momento em que se percebeu faminta. Na verdade, há tempos estava faminta. Mas só percebeu realmente quando seu nível de açúcar caiu. Lugares estranhos. Em sua cidade, em seu mundo, saberia o que fazer. Precisava comer. E logo. Senão o frio aumentaria, as mãos começariam a tremer, e teria problemas de visão. Isto seria o fim! Se tivesse uma crise de hipoglicemia naquele lugar, duvidava que alguém soubesse o que fazer.
Descobriram por fim um lugar onde comer. Pediu um X-salada e uma porção de batatas fritas. Carboidrato. E um suco. Veio um X-burguer e uma bacia de batatas. Não conseguiria comer metade daquelas batatas nem o X-burguer. Pedira um X-salada. Ficou quieta. Comeu assim mesmo. Precisava se alimentar urgentemente.
Depois vieram os beijos. Bom, esta tinha sido outra etapa. Sabia que tinha que evitá-los, mas não o fez. Não podia nem culpar o hipoglicemia, porque afinal, já tinha comido. Então, não evitou porque não quis. E agora, ali, durante a travessia, sentindo frio no início da noite, pensava sobre isso. Não viera até ali pra beijá-lo. Mas tinha acontecido e não estava muito certa do que sentia.
Então, sente a mão que lhe vira a cabeça, os olhos negros que no crepúsculo mais negros estão, e não se afasta. Sabe que o acaso cuidará da história dali em diante.
Durante a travessia olhava o mar – tão distante de casa, da segurança, da terra firme. Dos lugares tão conhecidos.
Precipitara os acontecimentos fazendo a viagem, somente pra ter certeza com o que estava lidando. Sabia-se frágil. Sabia também que não suportaria outro tombo na vida, então resolvera ir olhar tudo de perto, antes que o envolvimento fosse maior. No entanto, ali estava, sem o chão, sentindo frio, cansaço, e ainda sem saber se seus atos tinham sido acertados ou não.
O passeio tinha sido calmo. Calmo até certo ponto. Sempre aparecia algum ponto de discórdia. Sempre as questões sobre diferenças. Não via nada de diferente. Não conseguia entender por que as diferenças eram vistas como problemas. Na verdade, sempre se encantara com as diferenças alheias, pois eram formas de aprendizado.
Tudo ia bem até o momento em que se percebeu faminta. Na verdade, há tempos estava faminta. Mas só percebeu realmente quando seu nível de açúcar caiu. Lugares estranhos. Em sua cidade, em seu mundo, saberia o que fazer. Precisava comer. E logo. Senão o frio aumentaria, as mãos começariam a tremer, e teria problemas de visão. Isto seria o fim! Se tivesse uma crise de hipoglicemia naquele lugar, duvidava que alguém soubesse o que fazer.
Descobriram por fim um lugar onde comer. Pediu um X-salada e uma porção de batatas fritas. Carboidrato. E um suco. Veio um X-burguer e uma bacia de batatas. Não conseguiria comer metade daquelas batatas nem o X-burguer. Pedira um X-salada. Ficou quieta. Comeu assim mesmo. Precisava se alimentar urgentemente.
Depois vieram os beijos. Bom, esta tinha sido outra etapa. Sabia que tinha que evitá-los, mas não o fez. Não podia nem culpar o hipoglicemia, porque afinal, já tinha comido. Então, não evitou porque não quis. E agora, ali, durante a travessia, sentindo frio no início da noite, pensava sobre isso. Não viera até ali pra beijá-lo. Mas tinha acontecido e não estava muito certa do que sentia.
Então, sente a mão que lhe vira a cabeça, os olhos negros que no crepúsculo mais negros estão, e não se afasta. Sabe que o acaso cuidará da história dali em diante.