Desinibida
Alessandra cresceu vendo seus pais serem infelizes. Sua casa era um castelo de cartas, prestes a desmoronar a qualquer momento. Convivia com as brigas, traições e mentiras dos pais, com uma naturalidade ímpar. Achava tudo aquilo normal. E pronto.
O maior dano que tal situação vivida na infância lhe causou foi a seguinte: - Duvidava do amor.
Achava que histórias de amor não existiam. Que amor era uma invenção sem nenhuma lógica.
E mesmo assim, acreditava ser feliz...
Se achava igual a todas as pessoas do mundo. Apenas não sentia necessidade de dividir sua vida com outra pessoa.
Aos dezessete anos, por curiosidade, viveu sua primeira experiência sexual. E gostou da novidade! Tomou tanto gosto pela "coisa" que, a partir daí, bastava achar alguém fisicamente interessante, para se deixar seduzir. Aos vinte anos, tinha mais experiência que qualquer outra menina de sua idade.
A maioria dos rapazes do bairro já tinham tido com ela momentos para lá de picantes. Alguns, em lugares muito inusitados.
Alessandra era totalmente desinibida. Não tinha nenhum pudor e nem se fazia de difícil. Não queria amor.
Queria apenas os prazeres que a carne poderia lhe dar.
Alguns desavisados se apaixonavam por ela. E como sofriam esses pobres diabos... Outros aceitavam o que ela oferecia. Estes sim, eram felizes!
Aos vinte e três anos, Alessandra se envolveu com o gerente da concessionária em que trabalhava. Para ela, isso não era nada demais. Mas ele, um romântico, quando soube que não teria dela nada mais do que já tivera, resolveu transferi-la para a mais nova filial do grupo. E ela, mesmo contrariada, acatou. Precisava do emprego.
Era uma cidade pequena, cheia de rostos desconhecidos. E nenhum deles a interessava.
Um dia conheceu Fernando, um dos mecânicos da concessionária.
Fernando era um homem perto dos trinta... Bonito e atraente. Mantinha a barba sempre por fazer, o que dava a ele um ar muito sexy.
Alessandra se sentia muito atraída por ele... E, sempre que aparecia uma oportunidade, tentava seduzi-lo, sem nunca conseguir nada com ele. Fernando sempre se esquivava das tentadoras insinuações de Alessandra por ser muito apaixonado pela namorada.
Alessandra nunca tinha sido tão rejeitada assim antes. E não entendia o porque...
Cada vez mais, só conseguia pensar em Fernando. Assim que o via, seu coração disparava. Chegava a sentir medo de estar apaixonada.
Fernando, que não era de ferro, não conseguiu resistir por muito tempo aos encantos que ela tão insistentemente lhe oferecia.
Num dia desses, após o expediente, saíram juntos. E tiveram uma noite inenarravelmente intensa. Pareciam máquinas de dar e receber prazer. Naquela noite, tudo foi permitido. Não houve prazer que não pudesse ser desfrutado. E assim foi, até tombarem exauridos...
Na manhã seguinte foram trabalhar. E os olhos deles se cruzaram, com um profundo desdém, como se nada entre eles tivesse acontecido.