Meus quinze anos
Faltando menos de seis meses para os meus tão esperados quinze anos, já comecei a materializar todos os meus pedidos. Para tristeza da minha mãe, aboli qualquer tipo de festinha. Eu simplesmente vou me sentir ridícula entrando em um salão vestida de princesa. Hello!!! Não sou mais menininha! Dançar valsa com todos os homens da família?! Mas nem pensar! E meus amigos só sabem dançar pagode. Mico total. Prefiro passar a noite em um baile funk a ter que passar por esta provação. Também não preciso de anel nenhum. Não quero ter meu dedo decepado na esquina por algum pivete ofuscado pelo brilho da pedra.
Desculpe, mãe, mas certamente eu estou poupando você e meu pai de gastos desnecessários com uma festa deste tipo, onde toda a nossa parentada só vai para comer e ficar reparando nos nossos vestidos, cabelos, especular quanto será que gastamos, etc. Tô fora. Prefiro mesmo uma viagem para o carnaval do Rio. Já que a data vai cair bem na terça-feira gorda, o que mais quero é sambar até cair.
E depois... acho estas festas meio nada a ver. Já fui em várias. Minhas amigas lindas, vestidas de princesas, parecem a encarnação do bem. Umas bonecas ao olhos dos pais. Jesus! São as que mais aprontam. Se fossem fantasiadas de bruxas seria mais apropriado. Porém, como não sou nem princesa e nem uma bruxa, a única coisa que eu quero é sambar.
Além disso, já me disseram que é melhor eu esperar mais quinze anos e dar uma mega festa quando fizer trinta. Será que virar balzaca é tão bom assim? Bem, vou pagar para ver. Por enquanto vou curtindo minha adolescência, esperando os quinze... Nossa, estou ficando velha!