Alice

"Eu fui à Floresta porque queria viver livre. Eu queria viver profundamente, e sugar a própria essência da vida... expurgar tudo o que não fosse vida; e não, ao morrer, descobrir que não havia vivido." Para Alice, que já assistira Sociedade dos Poetas Mortos quinze vezes nos últimos seis meses, a pergunta era: E hoje, onde encontrar a sua floresta?

Ela não tinha dúvidas que floresta era apenas uma figura de linguagem. A única coisa que poderia ser sugada no meio do mato seria seu sangue por pernilongos. Antes de continuar, vamos conhecer um pouco mais de Alice.

Herdeira e filha única de Rodolfo Leitão e Barros, a loiríssima Alice concluíra a faculdade de administração para cuidar dos negócios da família. Era a única VIP de Porto Alegre que não tinha a idade entre parênteses na revista Caras. Sua ultima festa de aniversario foi invadida pelo pessoal do pânico na TV. Segundo o vesgo, ela sacou as velas do bolo de aniversário ainda acessas, tão logo o bolo apareceu entre os convivas. Mas ele jura: Eram trinta e dois. Mas o que tem a ver a Alice deste parágrafo com a Alice do primeiro, visto não terem se passados nem trinta centímetros. Calma, chegaremos lá.

Não, Alice não foi iluminada ao apaixonar-se por um artista zen budista. A mudança deu-se através de sua vida profissional. Agora ela era diretora de RH da Leitão e Barros. A empresa começou a perder seus bons profissionais para a concorrência e algo havia de ser feito. Foi quando James C Hunter entrou em sua vida. Alice não só leu “O Monge e o Executivo” três vezes como fez um retiro de uma semana. Tudo bem, O Krishna Shakti Ashram não era bem um monastério como anunciou no jornal da empresa. Porém, o Spa em Campos do Jordão era um espaço para meditações e práticas de Yoga.

Dizem que a mudança comportamental, ocorrida nos últimos seis meses, de busca da essência e de um ser humano melhor, assunto de dez entre dez socialites de Porto Alegre, do Hugo Beauty ao Country Club, foi mais obra da Alice Leitão e Barros do que do próprio James C Hunter. Mas não se preocupem, temos boas novas.

Alice foi apresentada a Michael Hammer, o pai da reengenharia. Ela ficou encantada com o autor e a obra. Ela afirma que a reengenharia não é só um sistema de administração, mas um modo de vida, segundo ela, um modo de vida a sua cara. Já tem programado a implantação na empresa para as próximas semanas. Em entrevista à revista Amanhã, anunciou o plano de enxugamento no quadro de empregados e diz que é só o começo. Afinal o objetivo são os processos, não as organizações e as pessoas. Enfim, Alice voltou a sorrir nas tardes ensolaradas do Country Club.

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