Silêncio

Passara-se de quatro horas da madrugada, e em seu sofá estava sentado Manoel, o silêncio ecoava pelas paredes, e na vista de seu apartamento, poucas luzes estavam acesas. Olhava para o quadro de Madalena na parede, então virava a cabeça e olhava para a porta, sentia o doce cheiro de fumaça no ar, continuava ali, não se sabe por quanto tempo estava naquele lugar, mas ouve-se o bater em sua porta.

Manoel pode ter pensado em se levantar e atender, mas não teve curiosidade, e agora seu silêncio foi ameaçado pelas batidas na porta, depois de dez minutos tentando chamar a atenção, o visitante desconhecido foi embora e novamente a sala continuava sem som algum, apenas Manoel, que continuava olhando de um lado para outro, do tapete para o lustre, e dali para a sacada.

Aí, a porta do quarto se abre, passos se espalham pelo corredor, e algum tempo depois, Madalena aparece ali também, ela fica de pé e começa a olhar para o canto inferior da parede, aí seu olhar busca o abajur no canto do sofá onde Manoel estava sentado, e em seguida, olha para a cozinha, para o banheiro e segue essa rotina.

Já eram quatro horas e quarenta e oito minutos quando a porta de apartamento se abriu e o filho deles chegou de seu trabalho, ele parou e começou a fazer o mesmo que os outros, não ouvia-se barulho nenhum, apenas olhares e o cheiro da fumaça que continuava no ar. E entre olhares para todos os cantos do apartamento, cai da parede o quadro de Madalena que estava pendurado por um prego, aí cai o abajur, cai Manoel que estava sentado no sofá, cai Madalena, o filho deles, cai a sacada, cai o lustre e o prédio se torna ruínas caídas no chão.

Derek Matthews
Enviado por Derek Matthews em 11/02/2011
Código do texto: T2785889
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