A ADMINISTRADORA

A ADMINISTRADORA

Doidivânia está impaciente e inconformada com o alvoroço de se ter tornado público que é uma administradora. Agora virará um bem de consumo, seu corpo vai se tornar um outdoor amorfo. Seus ouvidos e lóbulos ouvirão uma overdose de mensagens indecifráveis.

De nada adianta fugir, até por que é antiético, e os tentáculos da era da informação globalizada digladiam complicando o processo. Ninguém sabe que na realidade “ELA” é semi-analfabeta.

Para piorar na primeira e única página do jornal local traz estampada em letras garrafais a manchete: “GOVERNO PAGA PROPINA PARA O GOVERNO”

Sabe como é esse povo de Gorobixaba; quando não sabe inventa, faz de uma pedrinha um rochedo, é mestre em espalhar boatos, se colar colou, se não... Observam até a hora que você chega e sai, se está acompanhada ou sozinha, qual o modelo e a cor da sua roupa e do sapato; do batom e tudo mais. Viche Maria! É um deus nos acuda!

Não se espante, é assim mesmo. Não se avexe e nem se preocupe, não se... tudo indica que “ELA” gosta da vizinhança. Vivendo numa fortaleza, com muros altos por todos os lados, com os portões e portas sempre fechados, realmente não haveria nem como alguém se intrometer; no que “ELA” faz ou deixa de fazer. Provavelmente é por isso que fica tão imune aos contumazes falatórios.

Menos mal, pensa. Parece que quem leu não entendeu; e, quem entendeu está do lado seu. Assim a cobrança só virá depois que já tudo estiver acertado, os conchavos e as maracutáias.

Mas era melhor nem pensar em como fatos corriqueiros da vizinhança interferiram na sua administração.

Uma vizinha que nem conhece espalhou o currículo completo, com antecedentes e procedências. O problema não é o resto do povo acreditar, mas o conceito que vai se formando, no meio político e literário.

Vai ser acusada de bandida pela história e absolvida pela política.

(janeiro/2010)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 07/02/2011
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