Típica cidadezinha do interior do Brasil, onde a praça é o ponto dos encontros e passeios de domingo, na rua principal estava o casarão antigo, de madeira, com dois pisos, pintada de verde escuro e as janelas grandes, todas brancas – vivia Esli -
Seu mundo se resumia dentro daquelas paredes, cuidando do seu pai que era viúvo e tendo como lazer principal, abrir a janela da frente , colocar a sua almofada, feita especialmente
para o umbral da janela, assim podia apoiar os braços confortavelmente durante as horas que permanecia olhando o movimento e conversando com quem passava pela sua calçada. Com sua fala mansa, não tinha como escapar da sua curiosidade, no entanto, não era com o fim de fofocar ou prejudicar alguém, era simplesmente, para passar seus dias. Desta maneira, viu as crianças que brincavam na praça, crescerem, assistiu da sua janela, os comícios políticos, desfile de 7 de setembro, procissão do santo padroeiro, casamentos, batismos, enterros, etc.
Certo dia, os habitantes perceberam que faltava alguma coisa, a praça não era a mesma, e, subitamente, um por um que passava, parava e olhava, desejando que a janela abrisse....
Quem de nós não tem um pouco do espírito curioso da Esli, a única diferença é que atualmente sentamos de frente para a janela da computadora.