O cajueiro de dona Sebastiana
Morando no Jardim Eulina, éramos vizinhos de dona Sebastiana. Ela era uma senhora das antigas... Vivia para a casa, o marido (seu Zé), os muitos netos e os filhos, na maioria casados. Apenas dois deles eram ainda solteiros: Nice e Tonho, que todos diziam ser bicha, (mas como eu não sabia o que era "ser bicha" , não fazia a menor diferença...).
A casa de dona Sebastiana era um lugar singular. Casa de muitas festas... Os filhos casados faziam festas e os filhos solteiros, também. Nunca vi casa mais alegre e sempre tão cheia de gente como aquela...
Aos poucos, começamos a ser convidados para as festas que faziam lá. E eu não perdia uma!
Nas festas na casa de dona Sebastiana não podiam faltar o maravilhoso e enfeitado bolo recheado de abacaxi (feito pela Nice) ou os pasteizinhos de carne (feitos com capricho, por dona Sebastiana). Ambos deliciosos!
Numa das muitas festas, o cajueiro (que ficava na divisa entre nossas casas e quase invadia a janela do meu quarto) estava carregado de cajus. Nunca me senti atraída por aqueles frutos bonitos porque, quando provei o suco, não gostei do sabor.
Nesse dia, a Regiane, neta da dona Sebastiana e irmã do Elton, o aniversariante, decidiu que subiria no cajueiro para comer uns cajus. E eu, "solidária", decidi subir junto! Não podia perder essa aventura... Eu ainda não havia subido em árvores.
Pois bem, fui junto e subi.E por insistência da Regiane, provei o bendito caju. E não é que gostei do danado... Para falar a verdade, achei uma delícia! Tão diferente do suco sem graça que eu havia provado...
Virei freguesa dos cajus!
Daquele dia em diante, do quintal da minha casa mesmo, sempre que era época de cajus, pelo menos um por dia eu tinha que comer.